4 de fevereiro de 2019

Final Fantasy XV [Royal Edition]

A série já viu melhores capas.
Desenvolvido por: Square Enix Business Division 2
Publicado por: Square Enix
Director: Hajime Tabata
Produtor: Shinji Hashimoto
Artista(s): Tomohiro Hasegawa, Yusuke Naora, Isamu Kamikokuryo
Argumentista(s): Saori Itamuro, Akiko Ishibashi, Takumi Nishida, Kazushige Nojima
Compositor: Yoko Shimomura
Motor gráfico: Luminous Studio
Plataforma(s): PlayStation 4, Xbox One, PC
Lançamento: 29-11-2016 (Lançamento Mundial)
Género: Role Playing Game
Modos de jogo: Modo história para um jogador, Multiplayer online
Media: Blu-Ray
Funcionalidades: Instalação obrigatória no disco rígido (+100GB), Gravação de progresso no disco rígido, Compatível com função de vibração do DualShock4, HD 720p, 1080i, 1080p, Funcionalidades de rede, Suporte Remote Play com PSVita, DLC adicional, PS4 Pro Enhanced
Estado: Completo
Condição: Impecável 
Viciómetro: Acabei-o a história uma vez com cerca de 70 e tal horas. Joguei mais um bocado para fazer as restantes coisas até atingir as cerca de 120 horas.

(Fun fact: as preguiças têm mais ossos no pescoço do que uma girafa.)

Autocolantes feios...
Final Fantasy. Uma saga com muitos anos, ainda muitos mais jogos e uma mão cheia de outros projectos que se dividem em diversas áreas. E com tanta coisa a acontecer, é natural que nem todos os jogos sejam bons, ou simplesmente recordados com o mesmo carinho e nostalgia daqueles que todos nós jogámos e ainda hoje os consideramos obras primas. Alguns dos jogos começaram por ser uma coisa e acabaram por se tornar noutra, fruto de anos e anos e conflitos criativos, budgets e sabe-se lá mais o quê. Um desses jogos é Final Fantasy XV, um título que começou ainda na era da PS3 fazendo parte do mesmo universo do famigerado Final Fantasy XIII, provavelmente o pior jogo de sempre nesta série. Com o nome Final Fantasy XIII Versus, seria assim que iria ser lançado mas os anos foram passando, os atrasos prevaleciam e o jogo estava condenado ao limbo existencial. Contudo, alguém se lembrou de o ir repescar e lançar na PS4, com um novo nome e finalmente completo. Completo... é como quem diz. Este exemplar foi adquirido algures entre Maio e Junho de 2018, por 20 euros.


Papelada e disco.
Final Fantasy XV é um daqueles jogos que podia ser um case study devido à quantidade de coisas que aconteceram (e ainda estão por acontecer) em torno de si mesmo. De jogo condenado à nascença a jogo que viu o nome a ser nomeado e premiado, o certo é que o seu percurso de vida tem sido atribulado e sinuoso. Mas já lá vamos pois há bastante a dizer. A história é um dos principais pontos pelos quais jogamos um Final Fantasy, afinal de contas é um RPG mas em FFXV começamos por seguir a vida de Noctis Lucis Caelum, um príncipe no mundo de Eos que vai com a sua turminha (chamemos-lhes assim) a caminho do seu casamento na bonita cidade de Altissia onde Lunafreya, sua noiva, o aguarda. Claro que como seria de esperar, o barco que os levaria até lá não se encontra em circulação e enquanto esperam, chegas-lhes a notícia de que a sua cidade natal, Insomnia, foi atacada pelo exército de Niflheim, tendo o rei Regis sido assassinado e o cristal roubado. E assim começa uma das tramas mais estúpidas e aborrecidas, já para não referir confusas, que acompanhei num Final Fantasy desde sempre.

Capa reversível.
Bom, começando pelos pontos positivos, Final Fantasy XV conta com um grafismo muitíssimo bom que passa muito pela atenção ao detalhe dada a praticamente tudo o que vemos no ecrã, seja parado ou em movimento. As animações das personagens são bastante realistas, sobretudo os movimentos faciais e devidas expressões, sem esquecer os inimigos, todos eles também animados de forma exímia e em diferentes tamanhos e feitios, chegado a atingir proporções verdadeiramente colossais quando comparados ao comum dos mortais. Os pormenores neste jogo são de tal forma que chegam a ser ridículos no bom sentido, onde até um simples prato de comida tem detalhes que nunca vi antes noutro jogo chegando por vezes a ser quase foto realistas. Aliás, neste jogo um prato de comida tem mais detalhe que muitos dos NPCs que povoam as localizações. Por outro lado, temos vastos cenários que compõem o mapa mundo mas o facto de ser tudo muito grande também significa que o jogo tem muito local vazio. Ainda assim, os locais que podemos explorar e contemplar são merecedores da nossa atenção pois têm bastante para vermos e alguns dos sítios são verdadeiramente lindíssimos, como por exemplo Altissia, uma cidade claramente inspirada em Veneza. E com tudo isto, a performance do jogo é bastante sólida, correndo a 30 frames constantes e sem problemas que tivesse dado conta.

Jus' crusin' with ma homies.
Algo que sempre apreciei na série Final Fantasy foi a música. Todos os jogos sempre contaram com bandas sonoras intemporais e poderosas, com faixas que nunca mais nos vão deixar a memória e que até funcionam bem fora do jogo e até noutros jogos. Em Final Fantasy XV temos uma banda sonora não menos memorável pela mão de Yoko Shimomura, mas que não está ao nível dos jogos anteriores, na minha modesta opinião. Isto também se deve ao facto de podermos ouvir faixas de outros jogos, quando estamos no nosso carrinho a passear pelo mundo de Eos e digamos que passei mais tempo a ouvir estas do que propriamente as deste jogo, que se fazem ouvir um pouco por todo o lado mas sobretudo em momentos específicos à boa maneira dinâmica dos jogos actuais. Por outro lado, todos sabemos que também existe um tema central a cada jogo e desta vez algum iluminado decidiu escolher o tema "Stand by Me" mas interpretado pelos Florence and the Machine, grupo que pessoalmente não gosto e esta música em si considero das coisas mais pirosas e mainstream de sempre. Sinceramente, o que estavam estas pessoas a pensar quando escolheram isto para tema principal? Por se tratar de um jogo que celebra a amizade acima de tudo? Por favor. Já os efeitos sonoros e voice-acting são soberbos, como se podia esperar, com performances bastante sólidas por parte dos actores que dão voz às quatro personagens principais e alguns dos NPCs mais recorrentes. E confesso que já desde Final Fantasy XIII comecei a gostar de ouvir as vozes em inglês em detrimento das vozes japonesas. Não sei porquê, soa-me muito melhor.

Respeitinho aos antigos!
Final Fantasy XV começa a apresentar sinais da sua evolução na parte jogável. Tendo como base a fórmula RPG, rapidamente começou a quebrar certas convenções como os combates por turnos dando lugar à acção em tempo real, neste caso o Active Cross Battle System. Até aqui nada a apontar, pessoalmente até acho uma boa mudança e já se tinha visto o mesmo noutros títulos mas o problema é que o combate aqui é uma coisa estranha. Controlar Noctis é fácil e intuitivo mas quando basta manter pressionando um botão para ele atacar, as coisas não podem estar muito bem. O facto é que se tentou fazer um sistema de combate que seja agradável tanto a novatos como a veteranos e acabou por ser uma cena assim meio automatizada. Claro que podemos ter controlo absoluto da personagem mas ainda assim, há sempre uma certa sensação do jogo estar a fazer as coisas por nós. Noctis pode ainda usar o seu warp para se teleportar para zonas específicas ou mesmo atacar inimigos com dano agravado e ainda defender, usar parries com timing exacto e itens se for caso disso. Existe ainda o Wait Mode, para podermos combater com mais calma, escolhendo inimigos a atacar, acções e até mesmo fazendo uso da Libra para analisar a vida e pontos fracos dos mesmos.

É o Forest Whitaker!!
Contudo, mesmo assim os combates por vezes podem tornar-se bastante confusos e com muita coisa a suceder-se em simultâneo. A nossa equipa age em conformidade com os inimigos e usa as suas habilidades de acordo com aquilo que se espera embora possamos dar ordens e usar algumas delas quando nos é permitido. Por outro lado, também podemos assumir o controlo de qualquer personagem tirando assim maior partido das mesmas, algo que na versão base do jogo não era possível. Com tudo isto, algumas coisas também mudaram como por exemplo o uso de magia, que tem de ser recolhidas em locais próprios e armazenada dentro de frascos para ser posteriormente usada. Sim, leram bem. E podemos ainda combinar fogo, gelo e electricidade mudando a potência da mesma. Agora se me perguntarem se existe algum momento em que seja necessário usar magia a minha resposta é não. A magia neste jogo é irrelevante e obsoleta. Se a usei cinco vezes foi muito. Isto tudo porque o combate é tão frenético e uma das personagens consegue infundir efeitos nas nossas armas que a magia se torna desnecessária. Os summons também mudaram, sendo agora criaturas com as quais temos de lutar primeiro para as recrutarmos e digamos que todas elas são colossalmente enormes e só aparecem em determinadas situações durante o combate.

Isso é tudo teu, ó Cindy?
Algo que também mudou foram os itens, armas e equipamento. Quanto aos itens, continua a existir tudo aquilo que nos lembramos mas alguns deles, devido ao sistema que o jogo adoptou tornam-se obsoletos. As potions são exemplo disso pois curam pouco e a dada altura temos tantas das outras que curam mais que estas são apenas para fazer número. O mesmo se pode dizer de outros itens que vamos usar muito menos vezes como os Phoenix Down pois em combate nem sempre morremos logo quando ficamos a zeros pelo que um Elixir resolve a situação. As armas e equipamento são também em muito menos quantidade do que noutros jogos e nem sempre são motivo de troca pois algumas das armas que apanhamos vão durar bastante tempo até acharmos melhor. O jogo também nos limita o equipamento que pode ser equipado, algo que ao evoluirmos vamos desbloqueando slots adicionais. E aqui entra outra das estranhezas de Final Fantasy XV... o sistema de leveling. Todo o XP ganho em combate só tem efeito quando descansamos, seja a acampar no meio do nada ou num hotel luxuoso, onde subimos de nível e podemos tomar refeições confeccionadas por Ignis e que nos conferem efeitos temporários diversos. É de facto algo esquisito mas que até resulta bem.

Não está a fazer ó-ó, está mesmo morto.
Mas é claro que com tanta coisa que o jogo debita existam problemas. Um deles prende-se com a história em si, ou melhor, da maneira que é contada. Tudo é muito confuso desde cedo, com imensa informação a ser-nos transmitida, muitas personagens, backstory que devia ter sido contada antes e afins. Isto torna a experiência aborrecida e a dada altura desinteressante. Depois existe a questão da previsibilidade pois desde cedo percebemos quem é o vilão e quais os seus motivos mas quem realmente queríamos conhecer melhor, neste caso o império, não tem a devida atenção e exposição para que possamos ter melhor conhecimento dos seus motivos. E isto é algo recorrente ao longo do jogo pois quando as coisas parecem começar a ficar interessantes, rapidamente dão lugar ao aborrecimento de seguir uma linha diferente daquilo que esperávamos. Outro grande problema a meu ver é a exploração. Existe muito para ver, muito para apreciar mas o mundo de Eos é bastante vazio, onde a maior cidade é Altissia e mesmo esta só pode ser apreciada lá bem para o meio da trama. Tudo o resto é bastante reduzido e as cidades "grandes" dos jogo são apenas areia para os olhos. Inicialmente, Insomnia era praticamente um corredor até ao boss final, só com esta Royal Edition é que pode ser explorada ainda que não tenha nada para ver.

Só passarada!
Outro problema na exploração são os meios que podemos utilizar. A pé, que seria o normal, levamos demasiado tempo de um ponto a outro mas pelo caminho podemos combater e ir evoluindo, uma vez que vemos os inimigos e podemos escolher as lutas. De Chocobo também se faz embora tenhamos de os alugar e nunca sejam nossos. Mas o carro é estrela central neste jogo e portanto durante grande parte do tempo vamos estar ao volante do mesmo. Isto podia ser giro mas o carro literalmente não sai da estrada, até termos feito um upgrade que o transforma em jipe e aí sim, podemos andar quase por todo o lado. E sim, a dada altura podemos até transformá-lo numa nave mas isto é irrelevante visto que só acontece depois do final do jogo. Leram bem mais uma vez. E controlar a nave é terrível pois implica ganhar velocidade para levantar voo e para aterrar tem de ser em estrada senão é Game Over instantâneo! E com isto chegamos às side quests, que se dividem entre o divertido e o terrivelmente entediante onde temos fetch quests, side stories interessantes e claro caçar inimigos, numa espécie de alusão às hunts de Final Fantasy XII, com inimigos especiais e alguns deles bem desafiantes. Isto é apenas uma forma de prolongar o jogo artificialmente. Existem também umas dungeons especiais após o final que são secantes pois são praticamente todas iguais e a dificuldade é bastante acima da média. Só uma delas é diferente mas nem por isso é menos aborrecida pois é um puzzle gigante com zonas de travessia bem frustrantes.

A comida tem sempre bom aspecto.
Quanto ao DLC... bom, podemos desfrutar (ou não) das outras personagens em partes onde se separaram da equipa na história e assim ter a experiência do que lhes aconteceu. Estes episódios de nome Gladious, Ignis e Prompto proporcionam uma visão destas personagens com elementos de gameplay diferentes. O de Prompto basicamente é um third person shooter na neve. Ainda assim, são bastante curtos levando no máximo 2 horas a concluir cada um deles. Outro dos DLC é o modo multiplayer onde podemos criar uma personagem e desfrutar de uma parte do jogo que não é contada no seu todo na história principal, com missões a cumprir com outros jogadores, ou mesmo sozinho com a ajuda do CPU. Não é de todo interessante, confiem em mim. Para além do DLC, a Royal Edition introduziu várias "melhorias" como a cidade de Insomnia ser explorável, podermos também andar de barco e pescar no mar, alternar entre terceira e primeira pessoa seja a explorar ou combater dando assim outra dimensão à acção e ainda diversas outras coisas menores.

Nope, não é nenhum boss do DooM.
Final Fantasy XV podia ter sido excelente mas não vai muito mais além do decente. Vê-se que isto era para ter outra dimensão, até porque faz parte de um universo enorme que deu origem tanto a uma mini-série anime (Brotherhood) e um filme CG (Kingsglaive) e ainda assim parece não ser suficiente para se contar de forma coesa a história. Consta-se que o jogo deveria ter 15 personagens jogáveis e essas foram aproveitadas para o filme. Não somente isto mas ainda há mais DLC por ser lançado sendo que dos 4 que iriam sair, apenas um sobreviveu tendo os restantes sido cancelados. Isto pode muito bem significar outra edição, desta vez com tudo incluído pois esta Royal Edition traz o DLC todo em código sendo o jogo base a única coisa no disco. Confesso que este jogo me desiludiu mas ainda assim consegui tirar o melhor partido possível e como tal é um JOGALHÃO DE FORÇA!

Próximo jogo: espadada e sci-fi na PS2.

MURRALHÕES DE FORÇA:
 
 

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