3 de setembro de 2016

AM2R: Return of Samus

Não, isto não existe na 3DS.
Desenvolvido por: Project AM2R
Publicado por: Project AM2R
Director: Milton 'DoctorM64' Guasti
Produtor: Milton 'DoctorM64' Guasti
Designer(s): Ramiro Negri, Steve 'Sabre230' Rothlisberger, Jack Witty, Kirill '1Eni1' Fevralev, Jasper, MichaelGabrielR
Artista: Azima 'Zim' Khan
Argumentista(s): James 'Ridley' Hobbs, Paulo 'Latinlingo' Villalobos
Compositor(es): Milton 'DoctorM64' Guasti, Darren Kerwin, Torbjørn 'Falcool' Brandrud
Motor gráfico: Game Maker Studio
Plataforma: PC (Windows)
Lançamento: 06-08-2016 (Lançamento Mundial)
Género(s): Acção, Aventura, Plataformas
Modos de jogo: Modo história para um jogador
Media: Formato Digital
Funcionalidades: Gravação de progresso (3 slots), Compatível com comando de Xbox360 e outros
Estado: Não se aplica
Condição: Não se aplica
Viciómetro: Acabei-o duas vezes com 100% de itens/exploração e estou na terceira ronda.

(Aviso: Esta análise pode conter spoilers!)

Agora que o blog sofreu uma mudança de visual (para melhor, penso eu de que), nada como inovar, ser audaz o suficiente para não me cingir apenas a jogos de consola mas também abordar um pouco aquilo que vou jogando em PC. Sim, também jogo em PC embora prefira coisas mais antigas como Doom e Quake, carregados de mods interessantes que os tornam em jogos melhores do que os que temos actualmente. E é mesmo por aí que pretendo seguir. Escrever sobre jogatana no PC mas abordando jogos mais obscuros, conversões, remakes e mods no geral. Para começar, tive a felicidade de eleger um dos melhores jogos que joguei até hoje, feito por fãs de uma das minhas sagas favoritas. Já adivinharam qual é? Pois bem, se não sabem tudo se resume a um nome apenas: Metroid. E o jogo em questão é o excelente, o fabuloso, o impressionante remake de Metroid II (sim, aquele que saiu para Game Boy e foi o primeiro jogo que analisei aqui no blog), que dá pelo nome de AM2R: Return of Samus. E este exemplar digital chegou à minha máquina no dia em que a saga fez 30 anos de existência, uma data especial que a equipa de desenvolvimento fez questão de celebrar ao lançar esta pérola (ao contrário da Nintendo mas já lá vamos).


Vá, até está bonitinha a capa!
O desenvolvimento de AM2R começou algures em 2008, quando Milton 'DoctorM64' Guasti decidiu criar um remake de Metroid II: Return of Samus, o segundo jogo dentro da timeline da saga, originalmente lançado para o Game Boy em 1991. E como sabem (ou deviam saber), o jogo original não era perfeito (embora ainda hoje seja um excelente jogo) e gritava por um remake que o elevasse ao patamar de outros jogos da saga como Metroid: Zero Mission e claro, Super Metroid. O projecto começou então do zero, com uma pessoa apenas e foi sofrendo diversas alterações (a mudança de motor gráfico foi uma das mais marcantes) bem como adições à equipa de produção, que com a ajuda de fãs dedicados culminou naquilo que hoje podemos vislumbrar. Quanto à história, bom essa é igual à do original, a missão é a mesma, mas foram incluídas diversas nuances que até à data apenas constavam no manual de instruções do jogo.

Só grandes líderes...
Começando pela parte visual, AM2R é perfeito. Pessoalmente não pedia mais do que aquilo que este jogo me oferece em termos gráficos pois é assim que um Metroid 2D deve ser. Os visuais são fluidos e muitíssimo variados em termos cénicos, proporcionando um verdadeiro festim de pixeis em movimento para qualquer fã de 2D, correndo a 60 frames numa resolução de 320x240 (que podemos jogar em modo janela ou fullscreen). As animações são excelentes, sejam as de Samus como as dos inimigos e claro, dos Metroids que aparecem em todo o seu esplendor (e etapas de crescimento). Os cenários estão repletos de pequenos pormenores, como parallax scrolling e outros efeitos, e a arte em geral é de um nível bastante elevado, ultrapassando os jogos anteriores da saga. Aliás, Samus tem pela primeira vez uma idle animation! E claro, existem cutscenes em pixel art a relatar os eventos mais marcantes da história.

Sendo Milton Guasti um técnico de som, a componente sonora de AM2R é sem dúvida uma das melhores que ouvi em toda a saga. Aproveitando os temas mais marcantes do jogo original bem como outros de vários jogos da saga, foi criada uma banda sonora impressionante que vai buscar muita da sua inspiração a Metroid Prime, algo que é bastante notório em certas faixas, criando assim um ambiente de jogo sem precedentes. Aliás, a banda sonora é tão boa e tão memorável que facilmente a consigo ouvir sem sequer estar a jogar. E não só boa é a banda sonora mas também os efeitos sonoros, embora muitos destes sejam reciclados de jogos anteriores, foi-lhes concedido um upgrade em termos de fidelidade. Outros são completamente novos e originais.

O primeiro de muitos bichos fofos...
Mas na jogabilidade, AM2R leva todas as medalhas que há para levar. Esta é baseada na já de si excelente jogabilidade de Zero Mission mas com os devidos retoques nas áreas em que era menos boa. Assim, o resultado é um jogo extremamente fácil de jogar, com controlos precisos em que qualquer movimento é de fácil execução, com melhorias no uso do Space Jump, controlo da Morph Ball/Spider Ball e mesmo aqueles reservados aos fãs acérrimos da saga como o Wall Jump ou o Shinesparking (cujo o uso não é tão intenso como em Zero Mission, felizmente). E por falar nestes, como é óbvio foram introduzidos itens e mecânicas de outros jogos que não estavam presentes no original de Game Boy. O Speed Booster é um deles bem como as Power Bombs ou o Power Grip, tornando o jogo ainda mais desafiante e divertido de jogar. É possível configurar o comando/teclado ao nosso gosto estando todos os botões do comando designados para uma função em particular. Finalmente existe um botão dedicado à Morph Ball! Mas podemos jogar com os controlos clássicos se for caso disso bem como optar por dois esquemas de selecção de mísseis (Zero Mission e Super Metroid). Como se isso fosse pouco, o joystick analógico permite que Samus caminhe lentamente se o inclinarmos ligeiramente, resultando uma animação espectacular que faz lembrar o moonwalk de Super Metroid (mas em ambas as direcções). Nada neste campo foi deixado ao acaso.

Informação muito pertinente!
O design do níveis mantém-se fiel ao original em termos de progressão mas como seria de esperar, foram introduzidas novas mecânicas, alguns locais foram redesenhados para acomodar as mudanças e algumas áreas são completamente novas para grande surpresa de quem jogou o original. Estamos assim perante um jogo bem maior do que aquele que saiu em 1991. Em cada área é feito um scan (estilo Metroid Prime mas automaticamente) que nos fornece o número de Metroids e lore para complementar a acção. E com estas alterações/modificações temos também novas batalhas contra bosses para além dos Metroids (cujas as batalhas são também bastante diferentes do original) bem como outras surpresas (sim, sequence breaking é possível). Um dos grandes problemas do original era a falta de mapa, algo que AM2R corrige presenteando-nos com um mapa de fácil compreensão no qual até podemos meter um waypoint se for caso disso. Existe também um novo sistema de fast travel que só é revelado mais à frente no jogo e permite que o backtracking seja muito mais user friendly. O nível de dificuldade pode ser ajustado antes de começar o jogo, oferecendo Easy, Normal e Hard, algo que não afecta o final tanto quanto sei visto este se basear apenas no tempo que levamos a completar e não na dificuldade/percentagem de itens. Mas desconfio que em Hard ofereça algo mais.

Queen bitch!!!
Contudo, e para grande infelicidade minha e de milhares, este jogo já não se encontra disponível para download no respectivo site/fórum do projecto devido a um recente pedido DMCA por parte da Nintendo (os filhos da mãe...). Bom, estão no seu direito pois têm copyright de muitos dos assets usados no jogo mas se houvesse alguém naquela empresa com o mínimo de amor por Metroid (Gunpei Yokoi, volta pois precisamos de ti), certamente esta história não acabava assim. Inicialmente houve apenas um pedido de remoção dos links de download mas o projecto estava de pé (algo que só se tinha acesso vi fórum) e até foi lançado um patch (v1.1) que corrigia alguns bugs menores e deu a possibilidade a quem quisesse de traduzir o jogo para outras línguas. Ora, o meu amor por este jogo é tão, mas tão grande, que o traduzi todo para Português! Sim, podem jogá-lo em Português caso o arranjem (não me perguntem como nem onde), pois posso facultar o ficheiro de linguagem. Como se não bastasse, a minha veia mais artística decidiu dar uns ares da sua graça e a capa de 3DS que ilustra esta análise foi o resultado. Este jogo era perfeito para se jogar numa 3DS e era o Metroid que os fãs queriam ter em formato físico, numa consola Nintendo, no 30º aniversário da saga! Em vez disso temos um spin-off, Metroid Prime: Federation Force. Enfim...

Toda apetrechadinha!
E assim chegamos ao final de mais uma análise, desta vez bem diferente do habitual (hei-de repetir dentro dos mesmos trâmites). AM2R: Return of Samus é provavelmente o melhor remake que já joguei em toda a minha vida, contando com todos aqueles que saíram oficialmente (sim, prefiro este ao REmake, podem apedrejar-me). Este jogo demonstra a paixão, o talento, a persistência e a camaradagem que existe entre os fãs de uma saga que já viu melhores dias e que prova que o futuro dos videojogos, ou pelo menos de certas sagas, está de facto nas mãos dos fãs e não das companhias que inicialmente os conceberam. Dêem o poder de desenvolver e criar aos fãs pois eles é que o merecem por todos os anos que vos encheram os bolsos! Quanto a mim, resta-me agradecer a Milton Guasti e toda a equipa por esta obra de arte. E sim, AM2R é sem sombra de dúvida um JOGALHÃO DE FORÇA!

Próximo jogo: voltamos ao normal com nazis e tiros na PS3 (já devia ter sido antes desta análise até). xD

MURRALHÕES DE FORÇA: 
 

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