13 de outubro de 2019

The Revenge of Shinobi

A capa original é icónica.
Desenvolvido por: Sega
Publicado por: Sega
Director: Noriyoshi Ohba
Produtor: Keiichi Yamamoto
Designer(s): Taro Shizuoka, Takashi Yuda, Atsushi Seimiya
Compositor: Yuzo Koshiro
Plataforma(s):  Sega Mega Drive, Mega Tech, Arcade e imensas outras plataformas
Lançamento: 22-12-1989 (EUA/JP), 22-03-1990 (EU)
Género(s): Acção, Plataformas, Hack 'n slash
Modos de jogo: Modo história para um jogador
Media: Cartucho de 16-megabit
Funcionalidades: Nenhumas
Outros nomes: The Super Shinobi (ザ・スーパー忍 Za Sūpā Shinobi) (JP)
Estado: (In)completo, falta um manual em português e o manual original
Condição: Excelente
Viciómetro: Acabei-o imensas vezes na Mega Drive, nunca joguei nenhuma das versões mais actuais.

Parte traseira da capa original.
Ninjas! Quem segue o blog sabe o quão gosto de ninjas e tudo o que lhes é associado portanto não é de estranhar aparecerem por aqui jogos com ninjas de vez em quando. O certo é que estes tipos misteriosos e cheios de artimanhas proporcionam sempre (ou quase sempre) boas experiências quando os jogos são bem pensados e executados de forma exímia. Já joguei alguns jogos com ninjas nitidamente maus e que me recuso a analisar pois não iria ser meigo com eles mas como já nem os tenho na colecção não vale a pena perder tempo. O jogo que trago aqui hoje é um clássico intemporal não só da Mega Drive mas acima de tudo da era 16-bit. É daqueles jogos que na época me fez ficar com inveja de quem tinha uma Mega Drive pois era a única plataforma onde se podia desfrutar desta pérola. Hoje em dia há muito mais escolha mas o certo é que no hardware original tem sempre um gostinho melhor. Este exemplar faz parte do Mega Games 2 embora também o tenha no Mega Games 6 Vol.3 mas é exactamente a mesma versão do jogo, a 1.03.


E novamente o Mega Games 2.
The Revenge of Shinobi é um daqueles jogos que é bem capaz de definir toda uma geração. Lançado no final dos anos 80 e início de 90, marcou assim imensos fãs que até mesmo tendo jogado o original nas arcades (ou Master System), tiveram aqui um choque valente pois este jogo é bastante superior em todos os aspectos. A história é do mais simples e cliché possível, decorrendo 3 anos depois dos eventos do jogo original, onde a organização criminosa conhecida por Zeed, decidiu fazer um rebranding para Neo Zeed mas mantendo o mesmo tipo de negócio pois não faria sentido ser de outra forma. Assim sendo, de forma a vingarem-se do clã Oboro, raptam a noiva de Joe Musashi, matam-lhe o mestre e o resto já se sabe. Sem dúvida que isto é o plot de todos os filmes dos anos 80 que me lembro de ter visto até hoje, dentro do género de acção.

Eis a festa do pijama!
Algo que me lembro com nitidez na época em que joguei isto pela primeira vez é sem dúvida a parte visual, que muito sinceramente não achei que fosse grande coisa quando comparada a certos jogos de SNES onde as cores eram mais garridas, com mais variedade e no geral com efeitos que não se viam muito na Mega Drive. Hoje em dia vejo este The Revenge of Shinobi com outros olhos, onde também consigo apreciar a parte técnica mais a fundo e ver as limitações com que os programadores se deparavam ao trabalhar com este hardware. O certo é que em termos de sprites a variedade é bastante boa, com imensos inimigos de formas e tamanhos diferentes, com animações um pouco para o simples mas decentes. O mesmo se aplica ao nosso Joe Musashi, que apesar de parecer um pouco estático, mexe-se como deve ser e é convincente nos seus ataques. Os cenários são bastante variados, com diferentes temáticas ao longo da acção onde podemos passar por locais como fábricas, florestas, grutas e até autoestradas e comboios em andamento. A atenção ao detalhe nestas áreas é também soberba com imensos pormenores um pouco por todo o lado. A performance do jogo é também boa ainda que possa ocorrer algum slowdown em certas zonas ou quando há muitos sprites em simultâneo no ecrã mas nada que interfira na acção negativamente.

Lá vai bomba!
Um dos pontos fortes, senão o mais forte neste título é sem dúvida a excelente banda sonora composta pelo mestre Yuzo Koshiro onde cada tema escolhido para cada nível encaixa na perfeição. As músicas são sem dúvida soberbas, com uma sonoridade techno não só característica da época mas também do background do próprio Koshiro, algo que se pode apreciar noutros jogos como Streets of Rage. E algo que me surpreende é que sempre achei a qualidade sonora da Mega Drive inferior à da SNES mas quando bem explorado, este chip Yamaha YM2612 proporciona um som brutal. Qualquer uma das músicas é memorável e intemporal podendo facilmente ser ouvida fora do contexto do jogo, com excelentes remixes disponíveis hoje em dia. Os efeitos sonoros são também muito bons, com bastante diversidade para todas as instância de acção e sem se tornarem monótonos ou repetitivos.

Saltar nesta zona requer um olhar atento.
Para um jogo de ninjas, The Revenge of Shinobi não é propriamente o mais fiel em termos de velocidade ou acção frenética pois Joe Musashi é bastante vagaroso no seu movimento, não existindo sequer nenhum opção para correr como em Shinobi III. Contudo, este movimento é bastante preciso, com um controlo sólido e que nos permite desfrutar da acção sem problemas nenhuns. Joe pode movimentar-se, saltar e e atacar, com algumas ajudas extra como é o caso das técnicas ninjutsu que lhe permitem por exemplo ataques devastadores contra os inimigos, saltar mais alto ou simplesmente explodir (a troco de uma vida) para infligir dano massivo nos inimigos. Os ataques de Joe consistem em atirar kunais (neste jogo chamadas shurikins, sabe-se lá porquê pois nem sequer está bem escrito) contra os inimigos, bem como usar a espada e pontapés, quando ao perto. A espada é usada quando apanhamos um powerup que nos permite não só isso mas também defender de projécteis inimigos bem como atirar kunais com mais poder. Estas não são infinitas (se bem que existe uma cheat para isso) tendo que ser recolhidas ao longo do jogo via itens que achamos em caixotes de madeira. Estes podem também ter vidas extra, refills de ninjutsu ou o mais comum, bombas que nos provocam dano.

O Peter Parker não gosta mesmo de ninjas.
Algo que desde cedo é preciso usar como deve ser é o double jump, que neste jogo tem um timing bastante preciso sem grande margem para erros, o que pode ser frustrante para alguns jogadores ainda que na minha opinião não seja assim tão complicado executar. Posto isto, a melhor abordagem ao combate é ir com calma pois as coisas não são aleatórias e estando sempre no mesmo local é uma questão de memorizar posições. O mesmo se passa nos bosses, onde basta memorizar o padrão de ataque para se conseguir vencer sem grandes chatices mas ainda assim, a dificuldade deste jogo escala rapidamente a partir do nível 3, onde começamos a ter outras mecânicas como saltar do foreground para o background para evitar inimigos ou quedas para a morte certa. Outro ponto que o torna um clássico na minha opinião é o último nível que é um autêntico labirinto e as únicas dicas para o transpor estão escritas em japonês nas paredes. Mais uma vez, é memorizar e muito trial and error para progredir mas depois o boss final revela ser o maior desafio deste jogo, onde o desfecho pode ser um de dois possíveis, dando assim algum replay value se tiverem menos sorte.

Este tipo parece estar num concerto de heavy metal.
The Revenge of Shinobi é daqueles jogos curiosos que tiveram diversas revisões até aos dias de hoje por uma miríade de coisas. As mais comuns prendem-se com copyrights e direitos de imagem, o que levou a que o jogo fosse alvo de modificações. Na versão 1.00, que saiu apenas no Japão, temos por exemplo o Spiderman e o Batman como bosses, bem como um inimigo que é claramente o Rambo com um lança-chamas já para não falar num boss que é o Godzilla. Este jogo é sem dúvida um tributo à cultura pop com tudo isto. Na revisão a seguir, o "Rambo" foi alterado bem como o Batman que deu lugar a uma espécie de clone do Devilman. Parece que isso no ocidente não iria criar conflitos. Na versão 1.02, foram introduzidos copyrights num ecrã inicial tanto para o Spiderman como para a música do mestre Koshiro. Na 1.03, isto manteve-se mas o Godzilla foi de carrinho para dar lugar a uma versão sua que é apenas o esqueleto com os orgãos visíveis. Curiosamente, o fogo que cospe é agora azul como o de Godzilla nos filmes, mas nas versões anteriores era vermelho. Por fim, na versão mais actual, a 1.04, lançada por exemplo na Virtual Console da Wii, mudaram ainda mais coisas como os olhos de Joe Musashi no ecrã inicial para evitar conflitos com a imagem antiga que era a de Sonny Chiba na série japonesa Shadow Warriors, bem como o Spiderman é agora um tipo em spandex cor de rosa. Não perguntem porquê esta escolha de cor. Curiosamente, existe um boss que é uma espécie de mistura de Terminator com Hulk que nunca foi alvo de atenção e até hoje permanece idêntico.

Bom, depois de lerem isto já perceberam que adoro este The Revenge of Shinobi e o considero como um dos jogos essenciais a ter numa colecção de Mega Drive. E divertido, é intemporal, tem tudo o que é preciso para se desfrutar um videojogo sem chatices e com um grau de desafio bastante elevado. E como tal, só resta mesmo dizer que é um JOGALHÃO DE FORÇA!

MURRALHÕES DE FORÇA: 
 

2 comentários:

  1. Grande pérola dos primórdios dos 16bit. Aliás, para mim a compilação Mega Games 2 é das melhores alguma vez criadas na sua época, a par do Super Mario All Stars. A ver se um dia arranjas o Shinobi III (com paciência aparece), que estou curioso em ler o teu eventual artigo sobre o mesmo!

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    1. Embora não tenha a versão de MD do Shinobi III (coisa que até gostava de ter), tenho a versão 3D da 3DS que já analisei aqui há uns bons tempos atrás. E como seria de esperar, é excelente. :D

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