20 de maio de 2019

Ghosts 'N Goblins

Capa da versão americana.
Desenvolvido por: Capcom USA (Arcade), Micronics (NES/Famicom)
Publicado por: Capcom
Director: Tokuro Fujiwara (Fuji)
Designer(s): Masahiko Kurokawa (Black), Kazuo Hasegawa (Hasse)
Compositor(es): Harumi Fujita (Hal), Ayako Mori (Wood)
Plataforma(s): Nintendo Entertainment System, NES Classic Mini, Wii (VC), WiiU (VC) e muitas outras
Lançamento: 13-06-1986 (JP), 01-11-1986 (EUA), 23-03-1989 (EU) (NES/Famicom)
Género(s): Acção, Aventura, Plataformas
Modos de jogo: Modo história para um jogador
Funcionalidades: Nenhumas
Outros nomes: 魔界村 Makaimura que traduzindo dá algo como "Demon World Village" (JP)
Media: Não se aplica
Estado: Não se aplica
Condição: Não se aplica
Viciómetro: Acabei-o duas vezes porque tem de ser assim para se ver o final.

Challenge Series, o nome assenta.
Para terminar este ciclo de jogos clássicos em formato digital, deixei para o fim um dos jogos mais famosos e infames de sempre na NES. Refiro-me pois então a Ghosts 'N Goblins, um jogo que tanta gente fez chorar, gritar, partir comandos e até consolas muito provavelmente, isto já para não relembrar os chorrilhos de palavrões e aliterações que ainda hoje fazemos sempre que jogamos este título. A sua dificuldade é lendária e nunca lembrada por ser desafiante mas sim frustrante ao ponto de morrermos por dentro sempre que o jogo nos decide pregar uma nova partida só porque sim, porque pode, porque foi programado deste modo desumano e irracional. A minha história com a saga deve provavelmente ter começado com a versão SNES de Super Ghouls 'N Ghosts que faz parte desta saga e sofre dos mesmos males, que se traduzem invariavelmente na dificuldade absurda. Confesso que nunca gostei de nenhum dos jogos, tendo jogado várias versões, inclusive as de arcade presentes na Capcom Classics Collection Vol.1 (já aqui analisada). Mas a versão de Mega Drive sim, essa vale a pena jogar e se possível ter na colecção pois é um port excelente e a dificuldade é justa sem se tornar frustrante. Mas vamos ao que interessa.


De cuecas na floresta, algo que não passa de moda.
Ghosts 'N Goblins começou a sua vida nas arcades onde Sir Arthur tem como missão resgatar a princesa Prin Prin que foi levada por Satan, rei do Demon World. Até aqui nada de estranho. Para tal Arthur tem de percorrer diversos níveis infestados de inimigos nefastos e outras armadilhas que tentam impedir o seu progresso para no final de cada um se defrontar com um boss. Simples e eficaz. O jogo teve tamanho sucesso que foi convertido para uma vasta panóplia de plataformas, desde computadores a consolas, com versões diferentes, umas melhores que outras e algumas mais ou menos fiéis ao original. Mas todas elas partilham algo em comum, a dificuldade. Mas a versão de NES, a que joguei mais recentemente ganha certamente o troféu relativamente às que joguei anteriormente.

Este é grande mas não é grande coisa.
Visualmente estamos perante os primórdios da NES e logo à partida o grafismo não é nada do outro mundo em termos de pormenores ou detalhe mais minucioso. Tentou-se manter o ambiente característico de horror e mistério que o original proporciona e no final de contas a NES conseguiu dar conta do recado. Contudo, apesar de termos cenários variados e parecidos ao original, a performance sofreu um bom bocado com isso, visto existir bastante slowdown e sprite flickering ao longo do jogo, especialmente porque os inimigos têm tendência a aparecer ao mesmo tempo em certas áreas. Os sprites destes bem como o de Arthur são funcionais q.b. ainda que estejam longe da qualidade da versão arcade.

Esta zona é um verdadeiro inferno...
A banda sonora de Ghosts 'N Goblins é daquelas que certamente nos ficam no ouvido por muito tempo até porque vamos ouvir as mesmas músicas vezes sem conta devido às inúmeras tentativas que vamos levar a avante para tentar completar o jogo. Felizmente as faixas são bastante boas e catchy o suficiente para não nos tornarem a experiência mais dolorosa do que já é. Os efeitos sonoros são perfeitamente competentes na sua função, com alguns a serem mais recorrentes do que outros e são esses que nos ficam particularmente na memória. Felizmente não se tornam monótonos ou irritantes ao ponto de desligarmos o som da televisão.

Esta situação não podia ser pior, ou podia?
Na parte da jogabilidade, Ghosts 'N Goblins é um jogo bastante simples e de fácil acesso. Arthur controla-se perfeitamente bem, podendo atacar apenas na direcção para onde está virado e podendo também saltar sobre obstáculos, inimigos e afins. Tem ainda a benesse de poder ser atingido duas vezes até perder uma vida. Pode também utilizar outras armas para além da lança com resultados mais ou menos positivos contra certos inimigos visto bem todas as armas serem boas. Sim, o jogo gosta de gozar connosco ou os programadores entenderam que deviam haver armas mais podres do que outras. A dificuldade desta versão está precisamente nos inimigos, aliada aos problemas de slowdown e imprevisibilidade de ataques e padrões de movimento. Neste jogo tudo pode parecer aleatório a dada altura e quando pensamos que conhecemos um nível de cor, eis que nos surge um inimigo vindo do nada. Alguns estão sempre nos mesmos locais mas outros nem por isso. Ah, e o respawn dos mesmos só complica ainda mais a situação. Mais do que estratégia, é preciso ter sorte e rezar para que o jogo nos facilite a vida para passar certas áreas.

Havendo falta de um temos logo dois!
Um dos inimigos, a gárgula vermelha conhecida por Red Arremer/Firebrand, consoante a versão do jogo, até deu origem a um spin-off que provavelmente devem conhecer pelo nome de Gargoyle's Quest (ambos os jogos de Game Boy já aqui analisados) portanto nem só coisas mais saem deste jogo. Ainda debatendo a questão da dificuldade, certos bosses só dão para derrotar com algumas armas e não me refiro ao final que temos imperativamente de ter o escudo para o derrotar. Como se isso foi coisa pouca, temos de passar por este tormento duas vezes, sendo que na segunda o jogo fica ainda mais difícil e só aí é que vamos ter acesso à verdadeira batalha e ao final do jogo. Os save states ajudaram imenso nesta minha demanda e de outra forma não tinha tido, tempo/paciência/saúde mental para me fustigar com esta experiência. Tiro o chapéu aos seres humanos que conseguem ou a dada altura das suas vidas conseguiram este feito prodigioso e sobre-humano.

Ghosts 'N Goblins não é definitivamente um jogo para todos. A sua temática é cativante e a jogabilidade boa mas no final de contas, a dificuldade é tão desajustada que muitos irão pensar que não houve controlo de qualidade nenhum (e até me leva a crer que não devido ao engrish dos textos do jogo). Mas mesmo assim, não deixa de ser um JOGALHÃO DE FORÇA.

MURRALHÕES DE FORÇA:
 
 

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