Boa cover art! |
Publicado por: Square Enix
Director: Yoko Taro
Produtor(es): Takuya Iwasaki, Yosuke Saito
Designer: Daisuke Iizuka
Artista(s): Yoshio Kamikubo, Shogo Tojo, Kimihiko Fujisaka
Argumentista(s): Sawako Natori, Hana Kikuchi
Compositor(es): Keiichi Okabe, Kakeru Ishihama, Keigo Hoashi, Takafumi Nishimura
Plataforma: PlayStation 3, Xbox360
Lançamento: 22-04-2010 (JP), 23-04-2010 (EU), 27-04-2010 (EUA)
Género: Action Role Playing Game
Modos de jogo: Modo história para um jogador
Modos de jogo: Modo história para um jogador
Media: Blu-Ray
Funcionalidades: Gravação de progresso no disco rígido (8813KB Mínimo), Suporte HD 720p, Funcionalidades de rede, DLC adicional
Funcionalidades: Gravação de progresso no disco rígido (8813KB Mínimo), Suporte HD 720p, Funcionalidades de rede, DLC adicional
Outros nomes: NieR Gestalt (Xbox360 JP), NieR Replicant (PS3 JP)
Estado: Completo
Condição: Impecável
Viciómetro: Acabei-o três vezes tendo visto três finais diferentes.
Viciómetro: Acabei-o três vezes tendo visto três finais diferentes.
(Calor... tão bom!)
Este não tem autocolantes! |
Jogos que nos passam ao lado não é certamente coisa de agora mas é algo que se vai repetindo em cada geração de consolas. Seja por que motivo for, nem sempre temos a possibilidade de jogar algo na altura de lançamento e portanto, esquecemo-nos ou simplesmente, deixamos passar. Mas existe sempre a possibilidade de colmatar a falha quando a oportunidade assim se apresenta. É o caso do jogo que trago até aqui hoje, jogo esse que inicialmente não me disse muito e nem as análises da época me ajudaram a mudar de opinião. Contudo, prezo bastante a opinião de quem é entendido nesta matéria e especialmente dos amigos pelo que este exemplar que tenho agora em mãos me foi oferecido pelo meu grande amigo Rogério Lopes, algures entre Julho e Agosto de 2014, depois de ter insistido que eu devia mesmo jogar isto pois tinha tudo aquilo que aprecio num videojogo. E assim fiquei fã desta pequena mas extremamente interessante saga.
Manual, papelada e disco. |
NieR é um caso curioso entre tantos outros. Na altura em que foi lançado teve análises mais ou menos positivas, com muita crítica à mistura e passou despercebido no meio de outros lançamentos de maior peso. Com o tempo passou a fazer parte dos bargain bins de N lojas, tanto física como online, com preços a bater quase nos 5 euros em alguns casos. Tanto quanto sei (e me lembro), este exemplar custou na altura cerca de 7 euros já com portes, só para terem uma ideia do desprezo a que foi sujeito. Mas é assim que a indústria funciona neste momento. Bom, passando a coisas mais interessantes, NieR tem uma história muito peculiar que começa de uma forma caricata. Se bem se lembram (ou se não se lembram ficam agora a saber), há uns anos atrás foi lançado um jogo de nome Drakengard na PS2, que seguia uma premissa simples mas algo controversa lá mais para o final. Esse jogo também apresentava vários finais pelo que o quinto é o ponto de partida para NieR. Num planeta Terra completamente devastado, o nosso herói Nier tenta a todo o custo encontrar a cura para a sua filha, Yonah, que sofre de uma doença chamada Black Scrawl e que já ceifou a vida de milhões. No decorrer desta demanda, Nier vai ainda contar com a ajuda de outros aliados, também eles com as respectivas "agendas" e aos poucos tentar entender o porquê da existência das Shades, umas estranhas criaturas que habitam agora o planeta e cuja origem está envolta em mistério.
If it bleeds, we can kill it! |
Um dos pontos de criticismo a que NieR foi sujeito centrou-se na parte gráfica. O dedo inquisidor do jornalismo "videojoguistico" apontou logo para um grafismo fraco, com texturas de baixa qualidade, por vezes perto dos standards da PS2, cenários áridos e estéreis e com uma personagem principal horrível do ponto de vista estético (só pode, creio eu). Ora bem, isto para mim são males menores quando são verdade o que não é de todo o caso aqui. Os visuais podem não ser os melhores que vi numa PS3 mas estão longe de serem assim tão maus quanto os pintaram. Existe de facto pouca variedade cénica resumindo-se apenas a duas cidades, um vasto campo povoado por criaturas e o que resta da civilização, um deserto e outras localizações de dimensões menores mas o certo é que tudo isto tem o detalhe que é merecido e na maioria do tempo é agradável à nossa vista. Em algumas instâncias o grafismo poderá não ser tão bonito quanto outros jogos da época mas o facto de estar tão imerso na acção fez-me esquecer essa picuinhices. A animação das personagens, bosses e inimigos é bastante boa sem nada que me fizesse torcer o nariz, bem como as cutscenes que utilizam o motor gráfico como seria de esperar. Já quanto à beleza da nossa personagem principal, de facto Nier é um gajo feio mas creio que isso é intencional e faz dele uma personagem muito mais paterna do que se fosse um Sephiroth. As personagens masculinas não têm de ser bishounens (não confundir com outra coisa, se não sabem o significado usem o Google) para serem carismáticas e por esse mesmo prisma nem as personagem femininas mas neste jogo essas são todas boazudas (a começar pela Kainé). Esclarecido este ponto, continuemos.
Pai? Parece mais avô... |
A música de NieR é fabulosa. Pensem em algo do mesmo nível que um Final Fantasy ou um Castlevania mas com a sua própria identidade. Cada faixa da banda sonora é um estimulo para a nossa audição, enquadrando-se perfeitamente na acção, seja em partes de exploração, nas cidades ou nas épicas batalhas contra os bosses onde a composição sonora brilha como poucos jogos conseguem alcançar. Keiichi Okabe é o mestre por trás desta obra prima e fez uso de todo o seu talento (e da sua equipa também) para nos proporcionar uma daquelas que considero das melhores experiências sonoras num videojogo. A música tanto nos transmite tensão como tristeza e até mesmo paz de espírito nas mais variedades fases do jogo, algo que o próprio Yoko Taro exigiu, bem como a maioria das faixas terem vozes. Essa foi outra das sua exigências e é algo que resultou maravilhosamente bem, até porque temos músicas que foram escritas por Emiko Rebecca Evans (que também as canta) em diversas línguas tais como inglês, francês, italiano, japonês, gaélico e até português! Já o voice-acting, apesar de só o podermos ouvir em inglês, é muitíssimo bom com diálogos bem construídos e divertidos q.b. em certas situações.
A cidade perdida de... nevermind. |
NieR não é um jogo convencional apesar de ser tido como um Action RPG. Essa será a base, sem dúvida mas o jogo em si vai muito mais além surpreendendo em toda a sua extensão. O combate é de fácil adaptação, bem como todo o controlo da nossa personagem, podendo equipar três tipos de armas: espadas (grandes e pequenas) e lanças, que podem ser encontradas no mundo, recompensa de side quests ou compradas nas lojas. À medida que vamos combatendo inimigos que variam entre Shades (de várias formas e tamanhos), animais e robots; e avançando na história vamos subindo de nível ao bom estilo dos RPG's. E sem dúvida que o combate é bastante divertido, com batalhas épicas contra bosses gigantescos em certas partes mas uma das coisas que mais me surpreendeu neste jogo foi o facto de incorporar outros estilos de jogo dentro desta base. Em certas zonas, o jogo assume a forma de side scroller com se de um jogo 2D se tratasse, noutras parece inclinar-se para a fórmula bullet hell com secções on-rail shooter e até mesmo assumir uma perspectiva de câmara com ângulos fixos, algo que me remeteu imediatamente para o primeiro Resident Evil! Com direito a mansão e tudo! Isto já para não me esquecer de uma parte onde o jogo assumiu uma perspectiva isométrica tridimensional, onde a coisa me levou até jogos como Front Mission 3 ou outros RTS do género. Mas como bom RPG que é, as side quests preenchem uma grande parte do seu todo com as habituais variantes: fetch quest, matar N monstros, descobrir um boss secreto, pescar e até plantar. Vale a pena despender tempo em algumas delas mas outras são tempo perdido (especialmente as de plantar visto serem tempo real e com resultados completamente aleatórios a menos que queiram mesmo a platina).
Tanta bolinha... só falta o Pac Man! |
É este nível de surpresa e genialidade que NieR tem e que o destaca de outros jogos do género, tornando-o numa hidden gem mais agora com o sucesso da sequela NieR: Automata (que trarei até aqui um dia destes). Quanto mais exploramos o mundo de NieR mais surpresas aguarda pela nossa chegada, daí que o jogo conta com vários finais e uma única playthrough não é suficiente para ficarmos a conhecer e descobrir tudo, sobretudo em termos de história. Esta que começa simples mas rapidamente dá lugar a uma trama bastante mais complexa e controversa do que se podia esperar. Afinal de contas, aquilo que começou como uma simples missão de salvamento rapidamente vai dar lugar a questões que se prendem com a separação da alma do corpo, sexualidade, o próprio destino da humanidade e o que será de nós depois disto ter sido posto em prática. Diria que não é facilmente digerível por todos os públicos mas ficou mais simples de perceber depois de se jogar NieR: Automata. Mal comparado até me atrevo a dizer que existe aqui inspiração oriunda de Blade Runner e até Ghost In The Shell mas se calhar sou só eu...
Yoko Taro gosta mesmo de mulheres... |
A título de curiosidade, as duas versões que existem são praticamente iguais sendo que o que muda é a personagem principal que em NieR e NieR Gestalt é o pai e em NieR Replicant é o irmão. A mudança deu-se por duas razões: a primeira e oficialmente conhecida é que a figura paterna foi eleita para agradar ao público ocidental. A segunda é que a versão japonesa em determinada instância sugere incesto entre os dois irmãos (algo semelhante ao que aconteceu com Drakengard) e daí resolveu-se alterar as coisas. Inicialmente o jogo seria apenas lançado na Xbox360 mas felizmente tomaram a decisão acertada de o lançar também na PS3. Ainda se falou numa versão Vita que iria incorporar tudo o que está presente em ambas as versões do jogo mas essa nunca viu a luz do dia. NieR marca também assim um ponto na história da Cavia pois foi o último jogo que produziram antes de fecharem portas.
Se há jogo que melhora com o tempo, NieR é um sério candidato ao lugar pois poucos jogos do seu género o conseguem. Se é um JOGALHÃO DE FORÇA? Penso que não haja dúvidas se leram até aqui.
Próximo jogo: mais samurais na PS2.
MURRALHÕES DE FORÇA:
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