Boa cover art. |
Publicado por: 3D Realms, 1C Entertainment (Versão física)
Director: Richard Gobeille
Designer(s): Max Ylitalo, Leonardo Pellegrini, Jarmo Kylmäaho, Vitaliy Bondarenko
Artista(s): Aleksander Kowalczyk, Arturo Pahua, Fox Martins
Compositor: Jarkko Rotsten
Motor gráfico: Build Engine (Modificado)
Plataforma(s): PlayStation4, Xbox One, Nintendo Switch, PC
Lançamento: 14-05-2020 (Lançamento Mundial), 15-08-2019 (PC)
Género: First Person Shooter
Modos de jogo: Modo história para um jogador
Funcionalidades: Instalação no disco rígido (~400MB), Gravação de progresso no disco rígido, HD 720p, 1080i, 1080p, Compatível com Remote Play, PS4 Pro Enhanced
Media: Blu-ray
Estado: Completo
Condição: Impecável
Viciómetro: Acabei-o três vezes, em diferentes dificuldades. Platina alcançada.
Em espanholês. |
Durante os anos 90 assistimos a um boom no que concerne a first person shooters, que se tornou popular graças a jogos como Wolfenstein 3D e DooM, sendo que foi também aquela que considero a era de ouro para este género. Com o passar dos anos, o género banalizou-se, fruto de uma enchente de jogos cuja qualidade começou a decrescer na minha opinião, dando-se prioridade mais ao storytelling do que ao gameplay propriamente dito, algo que é muito mais importante e é o que caracteriza um bom jogo. Não quero com isto dizer que actualmente não existam bons FPS triple A mas o certo é que o actuais que são realmente soberbos contam-se pelos dedos de uma mão. Porém assiste-se agora a um revivalismo deste género mais centrado no estilo que o popularizou nos anos 90, onde temos excelentes jogos com profundas inspirações em clássicos como Rise of the Triad, Exhumed, Quake, Shadow Warrior e sem esquecer o eterno Duke Nukem 3D. O jogo que trago até aqui hoje é um belíssimo exemplo disso. Este exemplar foi adquirido em Março de 2021, por cerca de 23 euros, oriundo da Amazon. Para além do jogo inclui um mini livro de arte e autocolantes.
Disco, artbook e autocolantes. |
Ion Fury apresenta-se como um daqueles jogos que parece ter ficado esquecido no tempo e agora lembraram-se de que afinal existe e decidiram lançá-lo. É sem dúvida um jogo que facilmente poderia ter saído em 1996 devido a todo o seu aspecto e pormenores técnicos mas que faz todo o sentido agora em 2021 pois é uma lufada de ar fresco no género. A premissa é simples: o Dr. Jadus Heskel, um transhumanista líder de um culto obscuro decide lançar uma invasão num futuro distópico na cidade de Neo D.C., onde centenas de soldados cibernéticos começam a semear o caos. Para tratar do assunto, a Global Defence Force envia um dos seus melhores agentes, Shelly "Bombshell" Harrison, uma expert em desarmamento de explosivos e badass no geral, que com o seu arsenal vai espalhar o caos pelas hordas inimigas. Este jogo serve também de prequela a Bombshell, um título lançado para PC em 2016.
Anão e Laura Palmer não incluídos. |
Algo que salta desde logo à vista em Ion Fury é o seu grafismo ao bom estilo Duke Nukem 3D e por um bom motivo: faz uso de uma versão modificada do conhecido Build Engine, neste caso EDuke32 que permite utilizar este motor em plataformas mais recentes e tirando proveito de certos aspectos que estavam limitados pelo motor original, mas sem perder o charme e carisma do mesmo. Assim temos perante nós cenários 3D de grandes dimensões, cheios de pequenos pormenores e com um design de níveis bastante complexo mas altamente recompensador no que toca a exploração, mantendo as coisas não tão lineares. Os inimigos apresentam-se sob a forma de sprites, como seria de esperar, existindo alguma variedade entre os mesmos, sendo que alguns são mesmo em 3D, como é o caso dos bosses. A variedade visual é também vasta com diversos locais desde a cidade de Neo D.C. passando por grutas, mansões e florestas, tudo bastante detalhado. O jogo aponta para os 60fps em termos de performance, a 1080p mas por vezes essa nem sempre se mantém estável tendo quebras em certos locais, nomeadamente num dos bosses onde o cenário é enorme e cheio de explosões. Mas no geral a coisa aguenta-se bem.
Não seria o mesmo sem o Dopefish! |
Sonoramente, Ion Fury remete-nos para aqueles tempos onde os FPS tinham uma banda sonora do principio ao fim, sem interrupções nem som ambiente a substituir a mesma. Neste caso as músicas são bastante memoráveis, com faixas a complementar cada nível e que vamos ouvir durante bastante tempo. Os efeitos sonoros são igualmente bons, com imensos tiros e explosões em alto e bom som, bem como gritos e frases proferidas tanto pelos inimigos como por Shelly que parece adorar comentar cada coisa que faz ou acontece à sua frente. Um pouco até mais do que o próprio Duke que também tinha as suas tiradas. E falando em Duke, o voice-acting apesar de parco é competente, com algumas picardias entre Shelly e Heskel, sendo que este é nada mais, nada menos interpretado pelo eterno Jon St. John, embora a sua performance seja completamente diferente daquela que debita em Duke Nukem 3D.
Very 90s! Wow! Such FPS! |
Em termos de jogabilidade estamos perante um quase clone de Duke Nukem 3D mas com algumas diferenças significativas que o demarcam do mesmo. O controlo de Shelly é bastante intuitivo podendo a mesma correr, saltar, agachar-se e afins, tendo à sua disposição um arsenal generoso de armas que vão desde o seu revólver, um dos melhores que vi num jogo até hoje, passando pela caçadeira e sem esquecer diversos explosivos que são um mimo. Ah, claro e existe uma minigun como não podia deixar de ser. O bom deste arsenal é que todas as armas têm um disparo/modo secundário. Por exemplo, o revólver permite-nos seleccionar diversos inimigos e assim com uma salva de tiros fazer instakill aos mesmos. A caçadeira torna-se num lança granadas, a SMG permite disparar balas incendiárias e as nossas granadas de mão podem ser atiradas com efeito homing que segue os alvos. Tudo isto torna o combate altamente dinâmico e divertido. Por outro lado temos ainda itens que podemos usar mas estes resume-se a um radar que detecta itens e inimigos durante alguns segundos e medikits portáteis.
O champô da controvérsia. |
Os níveis em Ion Fury são gigantescos e estão divididos em diversas secções, recheadas de inimigos e também zonas secretas, imensos easter eggs, referências à pop culture dos 80/90s e afins. Conseguir encontrar tudo requer várias playthroughs e paciência, sobretudo porque este é um jogo difícil mesmo se começarem em Normal. Na última dificuldade é um exercício de paciência em certas áreas mas como é tão divertido, nem damos por isso, até porque nos permite gravar em qualquer lado. Curiosamente este jogo esteve envolvido em várias polémicas sendo a mais famosa com os Iron Maiden, devido ao nome original do jogo, Ion Maiden entre outros aspectos que a "banda" alegou. Como seria de esperar, a mudança para Ion Fury dita o que se passou. Por outro lado, após o lançamento, o jogo foi novamente alvo de críticas devido a certos aspectos considerados transfóbicos nos dias correntes, neste caso envolvendo (imagine-se) uma embalagem de champô que foi alvo de paródia. Prontamente foi lançado um patch para corrigir isto (em PC), mas por incrível que pareça pelo menos na PS4 a embalagem da controvérsia continua lá em todo o seu esplendor.
Ion Fury é daqueles jogos que considero indispensáveis caso sejam fãs deste género, especialmente os que foram lançados durante os anos 90. Tem tudo quanto é bom e divertido num jogo, sem esquecer que pode ser jogado N vezes sem nos cansarmos, algo que não se vê na maioria dos jogos actuais. E só por isto tudo é um JOGALHÃO DE FORÇA!
MURRALHÕES DE FORÇA:
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