28 de junho de 2021

Ion Fury

Boa cover art.
Desenvolvido por: Voidpoint LLC, General Arcade (Versão para consolas)
Publicado por: 3D Realms, 1C Entertainment (Versão física)
Director: Richard Gobeille
Designer(s): Max Ylitalo, Leonardo Pellegrini, Jarmo Kylmäaho, Vitaliy Bondarenko
Artista(s): Aleksander Kowalczyk, Arturo Pahua, Fox Martins
Compositor: Jarkko Rotsten
Motor gráfico: Build Engine (Modificado)
Plataforma(s): PlayStation4, Xbox One, Nintendo Switch, PC
Lançamento: 14-05-2020 (Lançamento Mundial), 15-08-2019 (PC)
Género: First Person Shooter
Modos de jogo: Modo história para um jogador
Funcionalidades: Instalação no disco rígido (~400MB), Gravação de progresso no disco rígido, HD 720p, 1080i, 1080p, Compatível com Remote Play, PS4 Pro Enhanced
Media: Blu-ray
Estado: Completo
Condição: Impecável
Viciómetro: Acabei-o três vezes, em diferentes dificuldades. Platina alcançada.

Em espanholês.
Durante os anos 90 assistimos a um boom no que concerne a first person shooters, que se tornou popular graças a jogos como Wolfenstein 3D e DooM, sendo que foi também aquela que considero a era de ouro para este género. Com o passar dos anos, o género banalizou-se, fruto de uma enchente de jogos cuja qualidade começou a decrescer na minha opinião, dando-se prioridade mais ao storytelling do que ao gameplay propriamente dito, algo que é muito mais importante e é o que caracteriza um bom jogo. Não quero com isto dizer que actualmente não existam bons FPS triple A mas o certo é que o actuais que são realmente soberbos contam-se pelos dedos de uma mão. Porém assiste-se agora a um revivalismo deste género mais centrado no estilo que o popularizou nos anos 90, onde temos excelentes jogos com profundas inspirações em clássicos como Rise of the Triad, Exhumed, Quake, Shadow Warrior e sem esquecer o eterno Duke Nukem 3D. O jogo que trago até aqui hoje é um belíssimo exemplo disso. Este exemplar foi adquirido em Março de 2021, por cerca de 23 euros, oriundo da Amazon. Para além do jogo inclui um mini livro de arte e autocolantes.
 

Disco, artbook e autocolantes.
Ion Fury apresenta-se como um daqueles jogos que parece ter ficado esquecido no tempo e agora lembraram-se de que afinal existe e decidiram lançá-lo. É sem dúvida um jogo que facilmente poderia ter saído em 1996 devido a todo o seu aspecto e pormenores técnicos mas que faz todo o sentido agora em 2021 pois é uma lufada de ar fresco no género. A premissa é simples: o Dr. Jadus Heskel, um transhumanista líder de um culto obscuro decide lançar uma invasão num futuro distópico na cidade de Neo D.C., onde centenas de soldados cibernéticos começam a semear o caos. Para tratar do assunto, a Global Defence Force envia um dos seus melhores agentes, Shelly "Bombshell" Harrison, uma expert em desarmamento de explosivos e badass no geral, que com o seu arsenal vai espalhar o caos pelas hordas inimigas. Este jogo serve também de prequela a Bombshell, um título lançado para PC em 2016.

Anão e Laura Palmer não incluídos.
Algo que salta desde logo à vista em Ion Fury é o seu grafismo ao bom estilo Duke Nukem 3D e por um bom motivo: faz uso de uma versão modificada do conhecido Build Engine, neste caso EDuke32 que permite utilizar este motor em plataformas mais recentes e tirando proveito de certos aspectos que estavam limitados pelo motor original, mas sem perder o charme e carisma do mesmo. Assim temos perante nós cenários 3D de grandes dimensões, cheios de pequenos pormenores e com um design de níveis bastante complexo mas altamente recompensador no que toca a exploração, mantendo as coisas não tão lineares. Os inimigos apresentam-se sob a forma de sprites, como seria de esperar, existindo alguma variedade entre os mesmos, sendo que alguns são mesmo em 3D, como é o caso dos bosses. A variedade visual é também vasta com diversos locais desde a cidade de Neo D.C. passando por grutas, mansões e florestas, tudo bastante detalhado. O jogo aponta para os 60fps em termos de performance, a 1080p mas por vezes essa nem sempre se mantém estável tendo quebras em certos locais, nomeadamente num dos bosses onde o cenário é enorme e cheio de explosões. Mas no geral a coisa aguenta-se bem.

Não seria o mesmo sem o Dopefish!
Sonoramente, Ion Fury remete-nos para aqueles tempos onde os FPS tinham uma banda sonora do principio ao fim, sem interrupções nem som ambiente a substituir a mesma. Neste caso as músicas são bastante memoráveis, com faixas a complementar cada nível e que vamos ouvir durante bastante tempo. Os efeitos sonoros são igualmente bons, com imensos tiros e explosões em alto e bom som, bem como gritos e frases proferidas tanto pelos inimigos como por Shelly que parece adorar comentar cada coisa que faz ou acontece à sua frente. Um pouco até mais do que o próprio Duke que também tinha as suas tiradas. E falando em Duke, o voice-acting apesar de parco é competente, com algumas picardias entre Shelly e Heskel, sendo que este é nada mais, nada menos interpretado pelo eterno Jon St. John, embora a sua performance seja completamente diferente daquela que debita em Duke Nukem 3D.

Very 90s! Wow! Such FPS!
Em termos de jogabilidade estamos perante um quase clone de Duke Nukem 3D mas com algumas diferenças significativas que o demarcam do mesmo. O controlo de Shelly é bastante intuitivo podendo a mesma correr, saltar, agachar-se e afins, tendo à sua disposição um arsenal generoso de armas que vão desde o seu revólver, um dos melhores que vi num jogo até hoje, passando pela caçadeira e sem esquecer diversos explosivos que são um mimo. Ah, claro e existe uma minigun como não podia deixar de ser. O bom deste arsenal é que todas as armas têm um disparo/modo secundário. Por exemplo, o revólver permite-nos seleccionar diversos inimigos e assim com uma salva de tiros fazer instakill aos mesmos. A caçadeira torna-se num lança granadas, a SMG permite disparar balas incendiárias e as nossas granadas de mão podem ser atiradas com efeito homing que segue os alvos. Tudo isto torna o combate altamente dinâmico e divertido. Por outro lado temos ainda itens que podemos usar mas estes resume-se a um radar que detecta itens e inimigos durante alguns segundos e medikits portáteis.

O champô da controvérsia.
Os níveis em Ion Fury são gigantescos e estão divididos em diversas secções, recheadas de inimigos e também zonas secretas, imensos easter eggs, referências à pop culture dos 80/90s e afins. Conseguir encontrar tudo requer várias playthroughs e paciência, sobretudo porque este é um jogo difícil mesmo se começarem em Normal. Na última dificuldade é um exercício de paciência em certas áreas mas como é tão divertido, nem damos por isso, até porque nos permite gravar em qualquer lado. Curiosamente este jogo esteve envolvido em várias polémicas sendo a mais famosa com os Iron Maiden, devido ao nome original do jogo, Ion Maiden entre outros aspectos que a "banda" alegou. Como seria de esperar, a mudança para Ion Fury dita o que se passou. Por outro lado, após o lançamento, o jogo foi novamente alvo de críticas devido a certos aspectos considerados transfóbicos nos dias correntes, neste caso envolvendo (imagine-se) uma embalagem de champô que foi alvo de paródia. Prontamente foi lançado um patch para corrigir isto (em PC), mas por incrível que pareça pelo menos na PS4 a embalagem da controvérsia continua lá em todo o seu esplendor.

Ion Fury é daqueles jogos que considero indispensáveis caso sejam fãs deste género, especialmente os que foram lançados durante os anos 90. Tem tudo quanto é bom e divertido num jogo, sem esquecer que pode ser jogado N vezes sem nos cansarmos, algo que não se vê na maioria dos jogos actuais. E só por isto tudo é um JOGALHÃO DE FORÇA!

MURRALHÕES DE FORÇA:

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