4 de outubro de 2020

Resident Evil 3

Gosto mais da capa original.
Desenvolvido por: M-Two, K2 Inc, NeoBards Entertainment (RE: Resistance)
Publicado por: Capcom
Director(es): Kiyohiko Sakata, Yasuhiro Seto, Yasuhiro Anpo, Yukio Ando
Produtor: Masachika Kawata
Designer(s): Masanori Komine, Takashi Ishihara
Artista(s): Cho Yonghee, Yuka Chi
Compositor(es): Kota Suzuki, Azusa Kato
Plataforma(s): PlayStation4, XboxOne, PC
Lançamento: 03-04-2020 (Lançamento Mundial)
Género(s): Survival Horror
Modos de jogo: Modo história para um jogador
Funcionalidades: Instalação no disco rígido (~25GB), Gravação de progresso no disco rígido, HD 720p, 1080i, 1080p, Compatível com Remote Play, PS$ Pro Enhanced
Outros nomes: Biohazard 3 (JP)
Media: Blu-ray
Estado: Completo
Condição: Impecável
Viciómetro: Acabei-o umas 8 vezes, uma em cada dificuldade tendo desbloqueado tudo e alcançado a platina.

Autocolantes feios!
Em tempos sempre que ouvia falar na palavra "remake" ficava com altas expectativas para o que aí viesse. Fosse um jogo ou um filme, esta palavra tinha um significado inerente de que algo novo e fresco ia surpreender-me pela positiva. O certo é que muitos remakes o conseguiram fazer mas nos dias que correm, esta palavra apenas me deixa de pé atrás e sempre apreensivo relativamente o que poderá surgir pois a desilusão é quase sempre garantida. Com a saga Resident Evil, temos provavelmente aquele que considero o melhor remake de sempre, referindo-me claro ao primeiro jogo. Este remake é o exemplo perfeito de como fazer algo maior e melhor sem omitir nada do material original e adicionando-lhe mais conteúdo sem o tornar enfadonho ou artificialmente maior. Obviamente na Capcom parece que nem sempre se segue a fórmula à risca e ainda que o remake do segundo jogo tenha sido excelente, teve as suas falhas quando comparado ao original. Mas o pior ainda estava para vir e é este remake do 3, um jogo que sempre achei pouco apreciado pelas massas em geral, que prova esta minha teoria. Este meu exemplar chegou à colecção algures durante Agosto de 2020 por 21€, oriundo da Fnac Online.

O disco e um interior foleiro.
Resident Evil 3 é daqueles jogos que marcou uma era mas que curiosamente não é lembrado por todos muito em detrimento do jogo anterior que foi um verdadeiro sucesso de vendas e popularidade. Contudo, este terceiro capítulo é um dos mais interessantes e que aperfeiçoou imensos aspectos técnicos que nos jogos anteriores não funcionavam tão bem. Com esta onda de revivalismo e o sucesso de Resident Evil VII, era normal que se apostasse forte em remakes dos jogos clássicos para apelar não só aos fãs de sempre mas a uma nova vaga de jogadores. O segundo jogo teve direito a um remake (já aqui analisado) que foi uma excelente aposta e sem dúvida deixou a sua marca (ainda que com alguns defeitos a meu ver), algo que fez com que os fãs ficassem sedentos de mais. O terceiro jogo foi o caminho a seguir mas é aqui que as coisas começaram a perder o fôlego.

As coisas aqueceram para o Nemy...
Utilizando o mesmo motor gráfico, o RE Engine, Resident Evil 3 é praticamente idêntico ao jogo anterior reutilizando muitos dos recursos previamente concebidos para o efeito, desde alguns modelos de zombies e monstruosidades bem como alguns locais como a estação de polícia, ainda que com algumas pequenas diferenças cosméticas. Assim estamos perante um jogo visualmente deslumbrante, recheado de pormenores e detalhe por todo o lado mas que em termos de novidade pouco ou nada acrescenta. As animações das personagens são impecáveis, com imensa acção ao longo da história mas notei que as animações dos zombies não são de todo as mesmas do jogo anterior e nota-se aqui um downgrade técnico que a meu ver não faz muito sentido a não ser pelo facto deste jogo ter sido lançado pouco tempo depois do 2. Em termos de iluminação e efeitos visuais tudo funciona na perfeição e com uma fidelidade bastante elevada, mantendo a performance entre os 40 e 60fps no modelo base/slim da PS4, algo que a meu ver é bastante aceitável.

Olá bichinho!
A componente sonora de Resident Evil 3 inclui uma banda sonora que não me deixou saudades, ao contrário daquela presente no jogo original, onde os temas não são memoráveis e apenas os ouvimos durante certas partes da acção, algo que é recorrente de tudo quanto é jogo moderno. Pessoalmente prefiro as bandas sonoras dos RE antigos, onde cada local tem um tema associado e nos faz reconhecer o mesmo fora do contexto. Em termos de voice-acting, as performances são decentes ainda que exista um ou outro momento mais cheesy, como por exemplo alguns diálogos com Carlos onde este tenta dar um ar da sua graça... sem sucesso. Os efeitos sonoros são bastante bons, com imensos grunhidos, gritos, tiros e afins, mas com algo que me desapontou imenso. O Nemesis já não diz "STARS!!" da mesma maneira, com o mesmo ênfase e tantas vezes como no original. Isto era a imagem de marca dele e agora quando ele aparece todo ameaçador é apenas... meh.

Tu! Quieto, já!
No que concerne a jogabilidade estamos perante um jogo que é praticamente igual ao anterior, onde se controla a nossa Jill Valentine e o nosso Carlos Oliveira do mesmo modo que Leon e Claire, podendo estes usar diversas armas ao seu dispor que vão desde a habitual pistola, passando pela caçadeira e claro sem esquecer o belo do lança granadas. Carlos pode ainda contar com a sua metralhadora (Jill também na dificuldade mais fácil) para manter as hordas à distância. Contudo existe aqui uma nova mecânica que também existia no jogo original e que nos permite evitar ataques inimigos com um dodge preciso e no momento certo. Se no original era difícil usar este movimento, neste remake existe um botão dedicado para tal e que nos permite evitar ataques dando-nos a hipótese de conseguir um critical shot pois a acção fica momentaneamente em câmara lenta e permite-nos tal coisa.

Isto não havia no original...
Mas nem tudo são rosas neste remake e eis que chega a altura de falar daquilo que realmente não gostei ou considerou que falhou. Em primeiro lugar, diversos eventos foram radicalmente alterados para dar um ar mais cinemático e moderno ao jogo. Lembram-se da cena do eléctrico a meio do jogo? Agora é uma cena no metropolitano e nem sequer é a meio do jogo. Lembram-se de voltarem à estação de polícia com a Jill? Pois agora vão visitá-la com Carlos pois Jill está noutro local. Por outro lado omitiram-se locais como é o caso do parque e da fábrica, algo que também levou à remoção daquela minhoca gigante que era uma das boss fights mais memoráveis do original. Gostam de puzzles à antiga onde temos de procurar itens para os resolver? Aqui não há nada disso pois tudo foi omitido ou simplificado. E quem não gostou da natureza random do Mr. X no remake anterior pode estar descansado pois o Nemesis só aparece em pontos fixos e durante certas partes onde por norma estamos a tentar chegar a um sítio com o máximo de celeridade, tornando assim a sua figura ameaçadora num empecilho mais do que outra coisa.

Agora sim, o bicho está danado.
Com estas alterações surgem também locais novos como por exemplo o laboratório no final e um hospital expandido, onde as lutas contra bosses (portanto somente o Nemesis e a suas várias formas durante o jogo todo) foram também drasticamente alteradas. Por outro lado o número de modelos de zombies é muito inferior ao do jogo anterior e vamos ver várias vezes o mesmo modelo a ser usado em diferentes sítios pelo que também não é possível o mesmo nível de interactividade com estes. Por exemplo, quando os abatemos perto de um objecto estilo uma mesa, o corpo não interage com esta de maneira natural como acontecia no 2. Por outro lado, também não conseguimos rebentar certas partes do corpo da mesma forma. O jogo também é notoriamente curto, levando cerca de 5/6 horas da primeira vez que se joga e esse número desce a pique nas vezes que se seguem pelo que o meu recorde pessoal é 1:03:24 em Standard e 1:22:50 em Inferno, que é a dificuldade máxima. Os níveis de dificuldade (em Nightmare e Inferno os inimigos estão em sítios diferentes e há menos itens) e o conteúdo que podemos desbloquear através de uma loja com pontos obtidos durante o jogo ao cumprir objectivos, aumentam um pouco o replay value mas ainda assim não é desculpa para se ter feito um remake tão sensaborão. E não, não existe modo Mercenaries sendo que no disco temos um jogo extra de nome RE: Resistance que é um multiplayer assíncrono no qual não toquei ainda que dê para jogar de certo modo offline com bots.

Com isto tudo devo dizer que tirei o melhor partido possível deste jogo e consegui divertir-me durante a sua duração. Diria mesmo que dentro do género é um jogo decente e com óptima jogabilidade mas como remake deixa muito a desejar e foi uma tentativa de arrecadar dinheiro fácil com pouco esforço. Se isto tivesse estado a marinar mais um ano e se tivesse sido feito pela mesma equipa que fez o remake do 2, provavelmente teríamos tido uma experiência diferente e melhor. Agora resta esperar que um dia se lembrem de fazer um remake em condições do Code Veronica mas até lá podemos sempre voltar a pegar neste JOGALHÃO DE FORÇA.

MURRALHÕES DE FORÇA:
 
 

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