24 de novembro de 2020

Random Number Bit Wars - O início de (mais) uma guerra


Agora que a next gen começou tornando-se assim na current gen (adoro estas confusões com palavreado), nada como partilhar a minha opinião acerca das duas máquinas que se defrontam no ringue, tentando a todo o custo (e que belo custo tem associado) angariar os fãs de videojogos para seu lado. Ambas apresentam os seus argumentos com mais ou menos peso que outros, mas que no fundo são apenas aliciantes porque se virmos bem as coisas, vão fazer praticamente o mesmo em termos de performance com ligeiras e subtis diferenças pelo que se pode ver nos primeiros testes que são feitos por diversas pessoas que compraram ou simplesmente lhes foram oferecidas as ditas consolas. Mas será que inicialmente alguma valerá o investimento?
 

Choo choo motherfuckers!
Se isto fosse há uns valentes anos atrás, é certo que eu teria embarcado no hype train da PS5 e provavelmente estaria a espumar da boca por uma mas como as coisas mudam, bem como as pessoas, gostos e percepções em geral, nos dias que correm posso seguramente dizer que não tenho nenhum interesse pela consola, pelo menos por agora. E isto é algo que só me aconteceu nos tempos idos quando anunciaram a primeira Xbox e anos mais tarde a Xbox360. Quero com isto dizer que se calhar (se calhar...) era um bocadinho fanboy da Sony. Ou simplesmente era parvo e não queria ver as coisas como realmente eram. Bom, mas com isto esclarecido, se tivesse de escolher entre uma e outra agora o mais certo era não escolher nenhuma pois considero o preço de ambas demasiado elevado (embora a PS3 tenha saído ainda mais cara) e prefiro aplicar a regra dos 2/3 anos até as coisas estarem consolidadas em termos de hardware e software. Mas se tivesse MESMO de escolher uma certamente seria a Xbox Series X pelos mais variados motivos. Mas para perceber o porquê dessa decisão e preciso abordar vários pontos.

Eis a PS5 Pro, Slim  e seus derivados.
Ainda que seja um mal menor para muitos, para mim o design de algo é extremamente importante pois sou muito susceptível às forma das coisas e provavelmente isto terá um nome científico associado o qual desconheço mas seria interessante saber qual é. Com a PS5, o design ficou a cargo de japoneses e não tenho problema nenhum com isso a não ser o facto que decidiram que a consola deveria parece um router da Netcabo quando estes deixaram de utilizar os Elsa's. Se acham que aquilo é visualmente apelativo ou funcional esteticamente (e friso que funcional não se prende apenas com a consola fazer aquilo que deve fazer que é correr jogos e afins) deveriam tirar um curso intensivo de design ou simplesmente mudarem de área e dedicarem-se à olaria (sim também me lembra um vaso daqueles onde se costumam meter... tulipas). Isto pode parecer-vos picuinhice e se calhar para muitos é, mas a meu ver prefiro um design mais simples e sobretudo rectilíneo, que seja funcional ou seja fique bem em qualquer lado sem destoar ou se destacar demasiado.

A sorte grande e a aproximação.
É isso que a Xbox faz, especialmente a Series X à qual já deram vários nomes desde caixa de sapatos a frigorífico (e a Microsoft até tirou partido com um marketing genial) mas o certo é que fica bem onde quer que a coloquem para jogar, seja na vertical ou na horizontal. Já o design da Series S, também jocosamente apelidada de coluna de som, não muda muito aquilo que vimos com a One X/S e não entendo gozarem com algo que já existia de certo modo e ninguém se queixou anteriormente. Por outro lado existe a questão da reparabilidade, algo que para muitos não interessa nada mas que para mim tem algum interesse pois gosto de saber como as coisas funcionam internamente e de aprender um pouco mais sobre os problemas que possam surgir da sua utilização e como resolvê-los. No caso da PS5, a construção da mesma tem tanto de bom quanto de mau, pelo que abrir uma pode revelar-se fácil mas chegar ao miolo não é certamente para todos, com algumas decisões dúbias como o SSD ser integrado na motherboard e não poder ser substituído de forma convencional caso decida morrer. Existe ainda o slot de expansão para colocarmos uma expansão NVMe, o que é sempre bom mas actualmente (ainda) não funciona.

O Memory Card mais caro da história.
E sabemos que para correr jogos de PS5 provavelmente temos de utilizar uma destas opções pois drives externas não o permitem fazer, ficando reservadas apenas a jogos de PS4, algo que não sei se irá rmudar futuramente com updates de firmware. Já no lado da Xbox o SSD é de facto NVMe o que provavelmente permitirá ser substituído em caso de avaria embora as opções de expansão se resumam a um cartão de expansão de 1GB que custa a módica quantia de 250€. Não é de todo uma boa ideia não se ter outro slot NVMe para o efeito mas a Microsoft tanto acerta na mouche como no próprio pé. Por outro lado, em termos de construção a Xbox Series X é mais modular e de fácil acesso a todas as partes, pelo que se tiver de ser feita alguma despistagem ou manutenção é muito mais fácil chegar ao interior do bicho.

Palavras para quê?
Onde a Sony (finalmente) decidiu inovar foi no comando. Embora não seja particularmente fã deste novo design, considero que é muito mais ergonómico que qualquer um dos comandos anteriores, até à PS3, o que não é difícil pois eram todos praticamente iguais com ligeiras diferenças. Confesso que gosto bastante do design do comando da PS4 e podiam ter mantido essas linhas mas o que aqui foi feito começa a assemelhar-se cada vez mais ao comando da concorrência que para mim sempre funcionou bem desde a Xbox360. O único senão é mesmo a posição dos joysticks pois confesso que me habituei ao esquema da Microsoft e creio que em termos de manuseamento é mais funcional e mais confortável (quando se começa a ficar velho, os dedos ressentem-se) mas a introdução dos novos triggers é de facto algo interessante ainda que possa também parecer um pouco gimmicky, assim como tantas outras coisas no passado. Contudo, isto pode de facto proporcionar uma experiência diferente em alguns jogos, sobretudo tudo o que meta tiros pois os triggers reagem de forma diferente consoante as armas utilizadas e podem até mesmo emperrar. Claro que isto é giro e tal mas numa situação competitiva já vejo muita gente a desligar essa funcionalidade caso seja possível pois irá certamente interferir na performance da pessoa durante o jogo. Já o comando da Xbox é uma ligeira e quase imperceptível evolução do comando anterior, que por si só é um excelente comando e quando as coisas funcionam, não se mexe nelas. Este parece ser mesmo o mote da Microsoft pois ainda não foi desta que decidiram meter uma bateria interna nos comandos mas usar pilhas nunca foi nada que me aborrecesse embora possa parecer muito antiquado para alguns snobs.

As diferenças são notórias mas...
Sinceramente em termos de jogos não vejo nada que justifique a compra de qualquer uma das consolas, pelo menos tendo em consideração os meus gostos e até mesmo a vantagem técnica que ambas têm face às consolas anteriores. Não vejo aqui nenhum salto geracional significativo a não ser pormenores técnicos que se vão tornando standard com o passar do tempo como ray tracing, 120hz e essas coisas que grande maioria dos consumidores ou não ligam ou simplesmente usam como arma de arremesso para defender a máquina que compraram. Mas notícias de última hora: ambas as consolas fazem o mesmo nesse campo com uma ou outra diferença. Por exemplo, a PS5 tem um dashboard 4K, coisa que a Xbox só tem a 1080p. Por outro lado a Xbox suporta mais resoluções como 1440p, usada em ecrãs de PC, coisa que a PS5 não faz. Na Xbox podemos mudar a taxa de frequência nas opções da consola de 60hz para 120hz, na PS5 essa opção é um bocado obscura pois tem de ser feita dentro do jogo e na consola escolhendo o modo performance (o novo Call of Duty é exemplo disto). Tudo isto são pequenas coisas que podem ser melhoradas com updates de firmware e que muita gente parece não saber ou sequer se importar com isso. Um Demon's Souls na PS5 parece um excelente motivo para ter a consola mas no fundo não deixa de ser um remake de um jogo que podem jogar na PS3 (e que até é mais difícil por motivos técnicos ou que torna a situação mais cómica). É óbvio que existe uma diferença grande entre ambas as versões do jogo mas no fundo é mais eyecandy do que outra coisa.

Catálogos destes são sempre bem vindos.
Mas esta conversa toda era somente para justificar o porque da minha decisão se tivesse de comprar uma das consolas agora e chegando a este ponto falta-me apenas referir aquilo que creio ser o ponto mais forte na consola da Microsoft: retrocompatibilidade. É neste momento que chovem as pedras, flechas e tudo mais sobre a minha pessoa, mas já sabemos que muitos compram consolas novas para jogar jogos novos e exclusivos sem quererem saber do passado mas existem pessoas, tal como eu, que gostam de poder voltar aos jogos antigos com uma nova pintura sem terem de gastar mais dinheiro do que aquilo que já gastaram. Neste campo a Microsoft proporciona desde a Xbox360 um programa de retrocompatibilidade que nos permite jogar títulos antigos nas máquinas mais recentes, com melhorias em certos casos, tornando a experiência mais agradável e sem custos adicionais. Com a Series X têm aqui uma excelente oportunidade de puxarem pelo hardware e aumentarem a lista de jogos compatíveis das consolas anteriores, sobretudo da Xbox original para terem uma biblioteca enorme de excelentes títulos, alguns deles exclusivos. Por outro lado a Sony, oferece apenas retrocompatibilidade apenas com a PS4, o que por si só não é nada mau mas dado o legado que têm na indústria pedia-se muito mais, nem que fosse apenas jogos da PS1, coisa que já nem a PS4 tinha. Em vez de apostarem nisso, prevejo que façam o que já fizeram anteriormente, sobretudo com a PS4, onde lançam jogos de PSP e PS2 modificados para correrem na nova consola a custo adicional. Isto não é de todo o caminho a seguir e a Sony devia mudar esta abordagem ainda que já se sabia que os seus seguidores são quase eles todos cegos e não querem saber. O exemplo está no nosso país que por algum motivo chega a ser chamado Sonyland por alguns com os seus Sonystas a defenderem a marca com a vida se fosse caso disso.

Isto faz tudo, só não tira cafés.
Deixei contudo o melhor para o fim. Muito recentemente fiquei a saber (estamos sempre a aprender) que desde a Xbox One existe uma ferramenta chamada Dev Mode que nos permite "transformar" qualquer consola retail num dev kit ainda que com alguns limites em termos de funcionalidades. Mas no que concerne a criar software muita coisa é possível tornando esta ferramenta em algo didáctico para quem quer aprender e em algo extremamente aliciante para quem pretende usar a consola como um potente emulador. Inicialmente esta ferramenta era gratuita mas agora tem um custo único de activação de 20 dólares o que a meu ver é uma pechincha dado aquilo que nos permite fazer. O Modern Vintage Gamer, possivelmente um dos melhores canais de YouTube e também um dos meus favoritos, publicou um vídeo onde utiliza o Dev Mode na Xbox Series S para emular uma panóplia de diversos sistemas desde PS1, a PSP, sem esquecer a Saturn, Dreamcast, Nintendo64, Wii e até GameCube, com resultados promissores em alguns dos exemplos que mostrou e outros incrivelmente satisfatórios. Isto faz da Xbox Series X/S uma excelente máquina para tudo quanto é retrogaming, utilizando o RetroArch e sendo actualizado com frequência. Se futuramente lançarem um core de PS2 vou-me rir que nem um perdido por ver que a consola da concorrência faz tudo aquilo que a PS5 devia fazer com o seu legado. Melhor seria mesmo parecer um core de PS3 mas isso seria pedir muito pois até em PC é preciso ter uma máquina imponente para desbravar esse terreno. E é de salientar que podemos alternar entre o Dev Mode e o Retail Mode consoante a nossa ncesssidade, pois em Dev Mode não nos é permitido usar jogos retail, sejam eles físicos ou digitais. Acho que só por isto temos aqui um motivo sólido que nem betão para querer uma Xbox Series X/S numa fase inicial.

HEREGE! HEREGE!
Bom, creio que já me alonguei demasiado neste artigo de opinião mas tinha de o fazer pois de vez em quando sabe bem escrever sobre algo que não sejam apenas análises ao que se joga. Podia continuar a dissertar sobre N coisas mas isso fica para um artigo futuro se me der na gana. Tenho noção que se isto fosse um site de renome, dos bons ou dos terrivelmente maus, iam chover críticas, insultos, enxovalhos e tudo mais, mas sendo o meu honesto e humilde blog posso escrever o que quiser.

Um bem haja se tiveram coragem/paciência de ler até aqui.

7 comentários:

  1. Desconhecia por completo essa funcionalidade do DevMode da Xbox. Parece-me bastante interessante e esperemos que a Microsoft não dê uma de Sony e retire essa funcionalidade em updates futuros. No meu caso, entre MS e Sony sempre preferi a última por ter os exclusivos que mais me agradam, mas não me faz comichão nenhuma se nesta geração mudar de lado. De qualquer das formas, não planeio comprar nenhuma quanto mais não seja até 2022. O backlog de jogos nas consolas anteriores ainda é longo e prefiro deixar o mercado assentar e ver como as coisas evoluem daqui para a frente. Um abraço!

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    1. Somos dois amigo Ivo, tanto no esperar como em pensar mudar de lado. A Microsoft se não fizer porcaria está muito mas muito forte. E tendo agora uma 360 vou ficando mais fã de tudo isto. :D

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  2. Para não mencionar que comprei a minha PS4 algures em 2016 e meses depois a Sony anuncia e lança a PS4Pro. Ainda estou um bocado butthurt com isso! xD

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    1. Ahah, por acaso também comprei a minha Slim no final desse ano mas foi mesmo porque apanhei uma promo brutal e não abrangia a Pro. Não me arrependo, desde que corra os jogos bem, I'm all fine and dandy. :)

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  3. Gostei do texto. Não sabia que já é possível emular com o Xbox S. No futuro próximo é provável que exista uma cena da emulação bem mais forte ainda, seja neste XBOX e quem sabe no console PS5 também. Hoje. Eu considero o Retroarch a melhor plataforma de emulação disponível. É lindo!

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    1. O Retroarch é das melhores coisas que surgiram no que diz respeito a emulação. O mais giro é que pouco tempo após ter escrito este texto, eis que a PS2 já é emulada na Xbox Series S! O Modern Vintage Gamer lançou um vídeo no YouTube sobre isso.

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    2. Excelente. Vou verificar no Modern Vintage.

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