1 de junho de 2020

Deadly Premonition Origins [Collector's Edition]

Excelente artwork!
Desenvolvido por: Toybox Games (Switch)
Publicado por: Numskull Games (EU), Aksys Games (EUA)
Director: Hidetaka Suehiro
Produtor(es): Tomio Kanazawa, Kuniaki Kakuwa
Designer: Hidetaka Suehiro
Artista: Hitoshi Okamoto
Argumentista(s): Hidetaka Suehiro, Kenji Goda
Plataforma: Nintendo Switch
Lançamento: 04-09-2019 (EUA), 05-09-2019 (JP, EU)
Género(s): Acção, Aventura, Survival Horror
Modos de jogo: Modo história para um jogador
Media: Cartão de Jogo
Funcionalidades: Gravação de progresso no cartão de jogo, HD 720p (Portátil), 1080p (Docked), Compatível com Controller Pro
Estado: Completo
Condição: Excelente
Viciómetro: Acabei-o uma vez tendo feito tudo o que havia para fazer com mais de 30 horas de jogo.


Em espanholês!
Existem jogos e jogos. E existem jogos de culto, que assim se tornaram por inúmeros motivos, sejam eles bons ou maus. Tal como com filmes, livros ou séries, estes jogos são adorados por uns e odiados por outros mas no final de contas, ganharam um estatuto do qual nunca mais se vão livrar. E isso é algo bom neste panorama onde a indústria atingiu num patamar nunca antes visto, com cada vez mais títulos a custarem milhões e sem nada que os torne únicos ou especiais, sendo apenas mais um jogo numa série de jogos que já devia ter morrido há muito tempo. Sim, sim, refiro-me aos habituais suspeitos do costume pelos quais a carneirada saliva sempre que anunciam um novo. Mas adiante. O jogo que trago até aqui hoje é um caso especial pois na época em que surgiu não foi bem recebido pela crítica (como se a opinião dessa gente contasse para alguma coisa) mas ganhou uma pequena legião de fãs que até hoje o considera como um clássico apesar dos seus defeitos. Seja como for, este jogo só se percebe depois de se experimentar e não há vídeo possível que lhe faça jus ou nos permita ter percepção daquilo que nos espera. Este exemplar chegou à colecção algures em Março de 2020, oriundo da Amazon.es e por menos de 30 euros, já com um bom desconto e graças ao amigo Fernando Sardinha. Esta Collector's Edition para além do jogo, inclui um set de 6 pins e dois mini postais ilustrados, tudo isto numa caixa de cartão.


Interior, cartão de jogo e postais.
Deadly Premonition Origins é daqueles jogos que ninguém contava que tivesse um novo lançamento, ainda para mais na Switch. Tendo originalmente saído na Xbox360, teve um percurso de vida atribulado, sendo mais tarde lançado para PS3 e PC com um Director's Cut adicionado ao nome e que incluía novos segmentos de história e melhorias técnicas (ou assim se esperava que fossem). Esta versão de Switch foi novamente alvo de melhorias (e desta vez notam-se embora não sejam perfeitas) e apesar de ser baseada na Director's Cut não inclui o conteúdo extra dessa o que a meu ver é um erro crasso mas enfim. A história começa com um crime que ocorreu na pequena e remota povoação de Greenvale, nos Estados Unidos onde uma jovem de 18 anos chamada Anna Graham, foi assassinada e forma grotesca e ritualista, algo que captou a atenção de Francis York Morgan, um agente do FBI com um passado sinuoso e uma mente algo afectada por esses eventos. No decorrer da investigação, York vai descobrir que existe muito mais por detrás desta ocorrência, e que esta pequena cidade bem como os seus habitantes, escondem demasiados segredos e fantasmas.

E os respectivos pins.
Graficamente Deadly Premonition Origins não se afasta muito daquilo que se viu tanto na PS3 como em PC, onde as coisas tinham sido melhoradas face à versão Xbox360 em algumas áreas, com novas texturas e afins. Ainda assim no geral, este jogo tem altos e baixos com partes bastante decentes e detalhadas, mas outras que parecem oriundas de um jogo de PS2. Mas tudo isto confere-lhe um charme especial onde este choque geracional funciona e não é impeditivo de desfrutarmos de uma excelente história. As animações das personagens oscilam entre o competente e o stiff, com algumas bem estranhas mas outras convincentes q.b. onde o detalhe facial teve destaque nas personagens principais, sendo que algumas delas desconfio que sejam baseadas em actores famosos, sobretudo a Emily e o George. Em termos de performance, algo que sempre afectou as versões anteriores, na Switch o jogo também tem os seus momentos com partes a chegarem aos 60fps e outras nos 15fps, sobretudo quando andamos a conduzir pela cidade neste último caso ou quando chove. De um modo geral, os visuais têm alguma variedade em termos de locais e proporcionam um ambiente fantástico, sobretudo quando está a chover onde tudo parece desolador e dá a sensação de estarmos num mundo completamente diferente.

Vamos brincar à apanhada com este tipo.
Algo que certamente me vai ficar na memória por muito tempo é toda a banda sonora deste jogo, composta por diversos temas que se fazem ouvir nas mais diversas situações e que nos conseguem transmitir a tensão ou descontracção do momento em si. E apesar de ouvirmos estes temas N vezes, por incrível que pareça não se torna monótono ou repetitivo pois já estamos a contar com os mesmos. E digamos que alguns dos temas parecem saídos de Twin Peaks ou não fosse este jogo fortemente influenciado por essa fantástica série mas já lá vamos. O voice acting é também um dos pontos fortes deste título com imenso diálogo entre as personagens, por vezes com um tom mais sério mas sempre com uma dose de comicidade inerente aos próprios intervenientes. Isto resulta em momentos hilariantes mesmo em situações que por si só não o deveriam ser, onde se nota a dedicação à escrita por parte dos argumentistas. E não só há diálogos como há monólogos onde York divaga com Zach e falam de coisas mundanas como filmes de acção e terror dos anos 80, com referências tão obscuras que não me lembro de nenhum jogo que fosse assim tão profundo neste campo. Já os efeitos sonoros apesar de competentes por vezes têm algo de estranho que suspeito ser por design em certas ocasiões como por exemplo os esquilos fazerem sons de macacos. Sim, é verdade e podem comprovar isso quando jogarem. Noutras situações penso que os efeitos sonoros têm falta de pujança, como por exemplo os sons das armas e dos carros serem demasiado baixos (excepto as metralhadoras que fazem alto escabeche).

Tudo o que mexe aqui tem de ir ao chão.
Deadly Premonition Origins foi criticado em grande parte devido à sua jogabilidade e mecânica serem antiquadas na versão Xbox360, algo que com as outras versões foi colmatado ao ser introduzido um novo esquema de controlo. Na versão Switch é este esquema mais actual que é utilizado e eu diria que funciona relativamente bem e sem grandes entraves embora o combate me pareça de facto antiquado ao nível Resident Evil 4, o que não me faz impressão mas para alguns pode ser o chamado deal breaker. Estas partes de combate ocorrem numa espécie de Other World, como por exemplo se viu na saga Silent Hill. York pode caminhar e correr, bem como fazer uso de um arsenal diverso de armas e outros apetrechos para se desembaraçar dos inimigos que povoam certas zonas. Contudo existem algumas ocorrências onde York pode estar a correr ou a andar e as animações parecem entrar em slow motion, algo que se nota particularmente nas partes onde há inimigos. Mas nada de grave a meu ver, é mais como algo divertido de se ver. O controlo dos carros, tido como terrível nas versões anteriores, foi de facto melhorado aqui mas não esperem condução ao nível de GTA V por exemplo. Controlar um carro neste jogo requer paciência e perícia dado que não são todos iguais e alguns são mais rápidos, ou travam melhor do que outros. É algo que se aprende a gostar de fazer, até porque existem algumas corridas para se fazer se quiserem ganhar uns itens porreiros. E tratar de York é algo que também devemos fazer pois ele precisa não só de se alimentar, como dormir e até trocar de roupa, habilitando-se a receber um Stinky Agent com prémio por ser porco (e perdemos dinheiro com isto mas ganhamos umas mosquinhas à nossa volta).

York passa a vida a fumar...
Isto leva-nos ao desenrolar dos acontecimentos. Em Deadly Premonition Origins temos um crime para resolver e isso faz com que tenhamos de explorar bem a cidade, falar com N personagens e assim ir reunindo provas para chegar ao busílis da questão. Do ponto de vista do progresso na trama, este é feito de forma simples e linear, com objectivos específicos em cada capítulo que temos de cumprir num determinado período de tempo indicado visualmente. Se falharmos este período... não há problema, tentamos no dia a seguir visto o jogo não nos penalizar por isso (apenas o faz uma única instância). O criador do jogo, Swery sempre disse que este era um jogo para se desfrutar sem pressa e sem medo de ser penalizado. Assim temos imensas side quests que podem ser levadas a cabo ao longo do jogo, mas que obedecem a certos horários e até às condições climatéricas, uma vez que quando chove a cidade parece entrar em lockdown com muitas personagens a não saírem de casa mas outras tantas investidas em actividades especificas. O mesmo acontece entre o período da meia-noite/seis da manhã, onde inimigos surgem do nada na cidade, e podemos até vislumbrar cães gigantes. Sim, leram bem. Algumas destas side quests depois de completas originam outras e se falharmos a time frame para as completar... bom, existe o chapter replay e nada está perdido. Mas com esta opção não podemos gravar até completar o capítulo portanto logo que possam, façam tudo durante a história.

Conduzir neste jogo é um gosto adquirido.
Deadly Premonition Origins é aquilo que considero ser o jogo não oficial de Twin Peaks e isso sente-se ao jogar e presenciar certas situações que são muito semelhantes a algumas da série. Não só isso mas a história e o local são alusivos à mesma, mas ainda mais as personagens com algumas que são virtualmente cópias de personagens da série com nomes e manias diferentes. O próprio York e os seus maneirismos remetem para o próprio Dale Cooper, algo que se pode ver pela sua paixão por café. Outra das personagens mais enigmáticas é a "Roaming" Sigourney (também conhecida por Granny with the Pot) que é uma cópia da Log Lady, ambas acreditando veemente que o seu tacho/tronco sabem a verdade por detrás disto tudo. E por falar no crime em si, é incrível a quantidade de pistas que o jogo nos dá desde o início sobre quem é o verdadeiro culpado pelo crime. Por outro lado existe outro paralelismo com a série, onde York visita o White Room e o Red Room, uma espécie de dualidade entre bem e mal, onde ficamos a conhecer mais sobre o seu passado e o de Zach.

Se gostam verdadeiramente de jogos, sobretudo aqueles menos conhecidos e mais obscuros, se são fãs de Twin Peaks, Deadly Premonition Origins é um jogo mais do que obrigatório. E não for a versão Switch, uma da outras serve para desfrutarem desta fantástica experiência até porque o segundo jogo está quase aí e este serve de aquecimento para o que nos espera. E não restam dúvidas que este é realmente um JOGALHÃO DE FORÇA!

MURRALHÕES DE FORÇA: 
 

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