20 de abril de 2011

God Hand

Até a capa é feia.
Desenvolvido por: Clover Studio
Publicado por: Capcom
Director: Shinji Mikami
Produtor: Atsushi Inaba
Designer: Hiroki Kato
Compositor(es): Masafumi Takada, Jun Fukuda
Plataforma: PlayStation 2
Lançamento: 14-09-2006 (JP), 10-10-2006 (EUA), 16-02-2007 (EU)
Género(s): Acção, 3D Beat 'em up
Modos de jogo: Modo história para um jogador
Media: DVD-ROM (4.7GB)
Funcionalidades: Gravação de progresso no Memory Card (150KB mínimo), Compatível com comando analógico: apenas joysticks, Compatível com Função de Vibração.
Estado: Completo
Condição: Impecável
Viciómetro: Acabei-o uma vez e chega! É um mau jogo com boas ideias.

(Acho que a Primavera fugiu...)

Neste grande universo dos videojogos, existem génios capazes de nos surpreenderem com as suas obras, seja através de uma boa história ou até mesmo pela jogabilidade simples e cativante. Tudo ingredientes fundamentais para o sucesso nesta área. No entanto, por incrível que pareça, esses mesmos génios por vezes metem a pata na poça e molham-se ou em última análise, sujam-se pois a poça tinha lama. Tal não devia acontecer mas o facto é que acontece e não será a primeira nem a última vez. O jogo que aqui trago hoje é um belo exemplo de como um génio e uma boa equipa são capazes de fazer um verdadeiro lamaçal. O meu exemplar foi adquirido a 22 de Março de 2009, por 15 euros na Fnac do Almada Fórum. Tinha tanta curiosidade em jogar que acabei por comprá-lo e para falar mal de algo, é preciso ter conhecimento de causa...


Justiça? Não há...
God Hand é daqueles jogos que ou se adora ou se odeia. No meu caso, eu odeio-o, contrariamente a muita gente que o jogou e diz que é do melhor. Tolices, tenho-o dito. Tendo sido produzido pelo defunto Clover Studio, que também produziu jogos como Okami e Viewtiful Joe, esperava-se que saísse daqui algo em grande mas a única coisa que saiu foi mesmo uma valente porcaria. Do pouco que se aproveita, a história até tem a sua piada. Esta gira em torno de Gene, um jovem lutador de 23 anos que a dada altura da sua vida fica sem um braço. Após conhecer Olivia, uma miúda de 19 anos que lhe entrega uma das God Hands, começa a ser perseguido por um grupo de demónios que querem a todo o custo rever essa mesma God Hand. Claro que Gene, não fica à espera que tal aconteça e vai à luta com todo o seu sentido de justiça. Olivia, que ficamos a saber ser descendente do clã que protegia as God Hands, ajuda-o nesta demanda.

Manual, papelada e disco.
Um dos pontos negativos neste jogo começa logo pela parte gráfica e visual. O ambiente tinha tudo para dar certo, com um cenário rocambolesco que oscila entre o velho oeste e o pós-Apocalipse, dando-lhe um certo ar de Trigun e até mesmo de Hokuto no Ken. Contudo este ambiente foi mal aproveitado pois os cenários em termos de detalhe são uma desgraça, sendo muito deslavados e pouco agradáveis à vista, tendo em conta tantos outros jogos do género na PS2. Também primam por longos e amplos espaços vazios, com poucos objectos e logo no primeiro nível há muitos exemplos disso. A acompanhar o aspecto feio e rudimentar está uma câmara diabólica, que teima em se posicionar sempre onde não deve, especialmente quando estamos em pleno gangbang a ser violados à bruta pelos inimigos. E já dizia uma máxima das internetes, que num jogo na terceira pessoa, a câmara é como o proletariado, ou temos controlo ou irá destruir-nos. É o que se sucede em God Hand. As personagens até estão minimamente decentes, com detalhe q.b. mas os inimigos começam a tornar-se repetitivos em muito pouco tempo.

Depois disto, o Zé nunca mais foi o mesmo.
Em termos sonoros, a banda sonora é interessante com um misto de rock com electrónica, e até mesmo funk, tendo sido composta por dois elementos da Grasshopper Manufacture, conhecida por Killer7 e No More Heroes. Contudo, apesar de algumas músicas porreiras, como a da luta contra Elvis que é das minhas preferidas, as que ouvimos durante os níveis têm tendência a repetir-se, o que começa a atazanar o juízo de quem joga. O som em geral até nem está mau, num jogo de pancada não há muito por onde variar. As vozes podiam ter sido bem melhores pois algumas personagens não têm esse factor a seu favor mas os diálogos são bons e alguns especialmente hilariantes.

Isto é o que eu chamo de bitchslapping!
A jogabilidade é um campo em que God Hand podia ter brilhado e ser um bom jogo com mau grafismo e desenho de níveis mas em vez disso, nem reluz. Gene até é uma personagem fácil de controlar e com um vasto reportório de movimentos, a tal parte boa mas a câmara não ajuda nada em certas alturas. Os movimentos são completamente ajustáveis pelo jogador, resultando em N combinações mas teremos de os adquirir e para tal precisamos de dinheiro, pelo que temos de distribuir muita fruta para o conseguir. Para além disso, Gene dispõe ainda de certos ataques especiais que só podem ser utilizados através da God Reel, que podemos aumentar coleccionando cartas espalhadas pelos níveis. Outro aspecto é a Tension Gauge que nos permite usar a God Hand e que podemos ir enchendo ao bater nos outros sem dó nem piedade. Os programadores acharam por bem incluir uma barra de dificuldade, visto terem feito este jogo a pensar no público mais hardcore (expressão mais besta), que basicamente se traduz em: se batermos muito e o inimigo não reagir, o jogo fica mais difícil, se levarmos muito na boca, fica mais fácil. Na teoria, é bonito, na prática é frustrante pois mesmo a levar na boca, o jogo parece não baixar de dificuldade, o que torna certos níveis e batalhas contra bosses, desesperantes, entediantes, frustrantes e outros adjectivos acabados em "antes". E isto na minha mais sincera opinião, assassina todo o jogo. Existem alguns mini-jogos disponíveis no casino, que vão desde lutas no ringue contra hordas de inimigos até Black Jack, mas sinceramente estava tão farto do jogo que nem tive interesse em abordar isto.

Gorilas, ficam bem em qualquer coisa.
O giro no meio disto tudo, é que esta equipa mais tarde veio a produzir Resident Evil 4 e o mentor por detrás disto é Shinji Mikami, o homem que idealizou a saga Resident Evil e foi responsável por tantos outros excelentes jogos como o mais actual Vanquish da Platinum Games! E negam terem-se inspirado em séries e mangas como Hokuto no Ken e Trigun, tal como referi, embora o jogo nos dê a ver o contrário. À semelhança deste meu texto, muitas análises mandaram abaixo este jogo, outras tantas deram-lhe bastante mérito mas as opiniões e gostos são todos muito subjectivos. Contudo, existe um mínimo de bom senso de avaliação de todos os campos e aí, tenho muita pena mas God Hand é um mau jogo, com muito boas ideias, mas mau no todo. Mas está cá, foi jogado e como tal é um JOGALHÃO DE FORÇA!

Poderes psíquicos, na PlayStation, já amanhã. :)

MURRALHÕES DE FORÇA:
 
  

9 comentários:

  1. Ora cá está um jogo que tenho imensa curiosidade em jogá-lo um dia destes, precisamente pelos momentos "wtf" que proporciona!

    ResponderEliminar
  2. Esse jogo é inegavelmente divertido. Se fosse melhor produzido, iria ser incrível!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. O problema é mesmo esse: excelentes ideias, má concepção. É pena pois tinha potencial.

      Eliminar
    2. Dou-lhe razão. O humor, a personalização de golpes, os golpes da god hand, são idéias muito boas, se o contexto do jogo fosse melhor trabalhado, o Gene teria se juntado a Ryu e cia no SFIV, tenho certeza disso. Mas só pra começar, olha a câmera do jogo --'

      Eliminar
    3. A câmara é terrível e arruína grande parte do jogo. :\

      Eliminar
    4. Realmente. Mas mesmo assim foi bom terminá-lo. É bem legal no final quando se tem as 2 God Hands

      Eliminar
  3. Já tinha ouvido falar deste à algum tempo. Aliás, acho que o descobri através das músicas no youtube. Realmente, é mesmo irritante quando descobrimos um jogo divertido que nos chateia sempre a cabeça com falhas desnecessárias...

    Estes jogos da Capcom da era 128 bits parecem ser todos feitos o mesmo motor de jogo. Já ouviste falar do Beatdown: Fists of Vengeance? Parece ser fantástico mas naquele sentido do "é tão, tão mau que é quase tão bom como o The Room".

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Sim, esse Beatdown parece ser na mesma onda deste God Hand nesse aspecto mas na altura não o comprei precisamente por isso (e ser o preço habitual de 69.90). Depois disso nunca mais o vi à venda por cá mas era menino para dar 9.90 se o encontrasse. Isto remete-me para o também igualmente "mau mas tão bom" Final Fight Streetwise. x)

      Eliminar
  4. As construções parecem ser feitas de isopor, bizarro

    ResponderEliminar