I'm so edgy... |
Publicado por: Sega (EU), Acclaim Entertainment (EUA)
Director: John Kroknes
Produtor: John Kroknes, Stefan Holmqvist
Designer: Peter Johansson
Artista: Johan Lindh
Argumentista: Philip Lawrence
Compositor: Richard Jacques
Plataforma(s): PlayStation 2, Dreamcast
Lançamento: 16-11-2001 (Dreamcast EU), 22-30-2002 (EU), 09-05-2002 (EUA) (PlayStation 2)
Género(s): Acção, Aventura
Modos de jogo: Modo história para um jogador
Media: DVD-ROM (4.7GB)
Funcionalidades: Gravação de progresso no Memory Card (320KB mínimo), Compatível com controlo analógico: todos os botões, Compatível com Função de Vibração.
Estado: Completo
Condição: Boa
Viciómetro: Acabei-o uma vez e chega.
(Fun fact: os limões contém mais açúcar que os morangos.)
Este não tinha autocolantes. |
Dreamcast. A última consola da Sega que apesar de ter tido uma legião de seguidores e excelentes jogos, teve um ciclo de vida curto e mal aproveitado pois o potencial era imenso. Mas erros por parte da Sega e a concorrência feroz que se avizinhava, fez com que este gigante caísse para nunca mais se levantar. Pelo caminho ficaram muitos jogos, alguns deles bem memoráveis e óptimas conversões de arcade que ainda hoje são recordadas. Claro que para não perder tudo, a Sega decidiu lançar alguns dos seus títulos mais produtivos na PlayStation 2, ainda que a meu ver, as versões originais continuem a ser melhores. O jogo que apresento aqui hoje é um bom exemplo disso, pois podia ser um port melhorado mas em vez disso temos algo um pouco feito em cima do joelho, havendo falta de melhor expressão. Este exemplar chegou à colecção a 23 de Novembro de 2018, por 4.95€, oriundo do sítio habitual, a Play N' Play. Compensa guardar a papelada para me lembrar das datas.
Manual e disco. |
Headhunter é daqueles jogos que provocou um pequeno rebuliço na altura em que foi lançado. Era um projecto ambicioso para o seu tempo que procurou misturar diversos géneros e resultar assim numa mescla interessante com história a condizer. A Eurogamer considerou este jogo superior em história e ambiente a Metal Gear Solid, algo que devo desde já dizer ser anedótico pois o reviewer ou foi pago, ou estava sob o efeito de algum estupefaciente. Bom, mas já esmiuçamos isso. Num futuro distópico onde os criminosos pagam com os seus órgãos os crimes que cometem, sendo obrigados a lutar em arenas prisionais por isso, Jack Wade começa a sua demanda a tentar escapar de um laboratório. Sem sucesso, evidentemente. Ao acordar numa cama de hospital e a sofrer de amnésia, Jack tem agora de recuperar a sua licença de Headhunter e tentar resolver o crime que envolve o assassinato de Christopher Stern, fundador da ACN (Anti Crime Network) que regula todo este sistema. Até aqui, enredo de filme de domingo à tarde. E diziam ser melhor que Metal Gear...
Este tipo é um idiota! Despeçam-no! |
Visualmente, Headhunter não é mau de todo... para jogo de Dreamcast. Como jogo de PS2, confesso que esperava algo melhorado, pelo menos com melhores texturas ou modelos mais detalhados e animações melhoradas. Mas não, a coisa é praticamente idêntica ao original. Certos locais e personagens estão bastante bons considerando o hardware, com escolhas interessante de design e até ângulos de câmara fixos nos interiores de edifícios, conferindo um certo mistério a tudo. Noutros locais, opta-se pela habitual câmara na terceira pessoa o que também resulta com exactidão. Alguma parte do nosso tempo é passada em cima da nossa mota a ir do ponto A ao ponto B, numa pequena cidade que pouco ou nada tem para ver ou explorar. Nem sequer é interessante de apreciar pois não há nada que sobressaia visualmente. A não ser o trânsito, claro, composto por modelos de automóveis bastante feios e que repetem vezes sem conta. As cutscenes misturam cenas live-action sob a forma de um noticiário com dois actores que se esforçam demasiado e outras tantas com o motor de jogo para as partes de diálogo e história.
O homem não se lembra de nada, pah! |
A banda sonora foi algo que detestei neste jogo pois tenta à força toda replicar partes de Metal Gear Solid sem sucesso. E algumas das faixas nem sequer me parecem passíveis de serem utilizadas em determinadas partes do jogo. Uma delas é durante as nossas viagens de mota onde a música nem sequer se adequa à acção que vivemos nesse momento. No geral, é rara a parte onde a música faz o seu trabalho bem feito e consegue proporcionar uma boa atmosfera que nos mantenha imersos na acção. Quanto ao voice-acting, as coisas oscilam entre o normal onde as performances são aceitáveis e o corny, que se faz sentir e bem nos segmentos de notícias, especialmente o apresentador que como referi esforça-se demais por ter piada ou ser sério. Sinceramente não compreendi o que estava a tentar fazer. O som no geral é competente, com tudo aquilo a que temos direito no jogo deste género e pequenos pormenores que conferem mais realismo em certas zonas.
Bem vindos à frustração sob rodas! |
Headhunter é daqueles jogos que não tendo identidade definida, apoiou-se nos outros que fizeram sucesso dentro dos seus géneros, procurando retirar um bocadinho de cada um e misturando assim as coisas para conseguir proporcionar a sua própria experiência. Isto funciona, de certo modo. O jogo opta por ser uma mistura de Resident Evil com Metal Gear Solid e isso é bem visível na sua extensão. Temos partes de stealth e mistério, partes de combate onde podemos usar o meio envolvente para nos protegermos e atacarmos com o nosso pequeno arsenal de armas e gadgets, usar combate corpo a corpo e claro, resolver uma panóplia de puzzles que até envolvem medalhões que abrem portas. Coincidência? Nah! Ah, e os bosses oscilam entre os dois jogos referidos acima, com especial tendência para ser full on Resident Evil na recta final.
Onde está Solid Snake? |
Contudo, isto até pode parecer bem mas o jogo conta com problemas que podiam ter sido evitados. Por um lado, para podermos aceitar missões temos de tirar (novamente pelo que se percebe da história) a nossa licença de Headhunter. Isto significa passar uma data de testes em realidade virtual (mais uma vez, parece as VR Missions de MGS) que vão desde conduzir a mota por uma série de checkpoints, passar por inimigos sem ser visto e limpar salas cheias deles. A experiência é entediante como tudo, pois vamos ter de fazer isto pelo menos umas quatro vezes se bem me lembro e cada vez fica mais difícil. Por outro lado... para conseguir fazer o teste temos de ter skill points que só se conseguem ao andar de mota pela cidade a velocidades loucas. Até aqui tudo bem se o controlo da mota não fosse horrível e cada vez que batemos perdemos os pontos praticamente todos! O que raio estavam os devs a fumar quando se lembraram disto?! Era desnecessário e o jogo teria sido melhor sem esta mecânica estúpida e supérflua.
Boom! La vai bomba! |
E com tudo isto quase me esquecia de referir a parte da jogabilidade que também tem o seu quê de problemático. O controlo até é decente, com acesso a diversas armas e gadgets, podendo também serem utilizadas outras tácticas em combate como já referi acima mas a câmara, por vezes, vai ser o nosso maior inimigo, tudo isto porque não se utiliza o segundo joystick para o efeito. Na Dreamcast eu compreendo mas na PS2 não há desculpa para isto ser assim.
Headhunter podia ter sido muito bom, excelente até pois mistura duas da séries que mais gosto e até o faz com alguma mestria mas os problemas que contém por decisões idiotas fazem isso cair por terra e a minha experiência com o jogo foi mediana na melhor das hipóteses. Mas encorajo-vos a experimentarem, pode ser que até vos agrade. Assim temos aqui mais um JOGALHÃO DE FORÇA!
Próximo jogo: a sequela deste, também na PS2.
MURRALHÕES DE FORÇA:
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